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Pau da PF que bate em deputado bolsonarista também bate em aliado de Lula…
Pau da PF que bate em deputado bolsonarista também bate em aliado de Lula…
Por Administrador
Publicado em 19/12/2025 15:07
Opinião
Pau da PF que bate em deputado bolsonarista também bate em aliado de Lula…

A Polícia Federal cumpre mandados de busca e apreensão contra os deputados federais Sóstenes Cavalcanti (PL-RJ) e Carlos Jordy (PL-RJ), em meio a uma investigação de desvio de dinheiro público de suas cotas parlamentares usando, inclusive, locadoras de carros. Foram apreendidos cerca de R$ 430 mil em endereço do líder do PL na Câmara, o que reforça que ele é mesmo aliado do clã Bolsonaro — que gosta de usar grandes somas em dinheiro vivo.

 Jordy afirmou que a Polícia Federal está sendo "usada para intimidar parlamentares da oposição". A desculpa de que a PF é um instrumento da vontade do governo Lula e promove uma "perseguição implacável" pode ser útil para acalmar o rebanho, mas quem tentar nadar no argumento vai perceber que ele é raso como um pires.

Ainda mais que, ontem mesmo, a corporação realizou mais uma operação contra a roubalheira no INSS, mandando para a prisão domiciliar o agora ex-secretário-executivo do Ministério da Previdência, Adroaldo Portal. Ou seja, causando constrangimentos ao próprio governo, por mais que o escândalo não tenha começado nesta gestão.

Outro alvo foi o senador Weverton Rocha (PDT-MA), aliado de Lula no Senado. As mesmas investigações já haviam derrubado o ministro Carlos Lupi (PDT). E desdobramentos da operação ainda podem respingar no próprio filho do presidente, Fábio Luís da Silva, citado em conversas de envolvidos

O inquérito do INSS está sob responsabilidade do ministro André Mendonça, no STF, enquanto o dos desvios de grana de parlamentares, na aba do ministro Flávio Dino. Este último, aliás é relator dos casos que tratam da roubalheira nas emendas. Eles começam a ser julgados no início do ano que vem e têm potencial para causar uma hecatombe no Congresso Nacional.

 A operação de hoje não é, portanto, exagero. A própria PF planejava realizar a ação antes, mas teve que reunir mais evidências ao STF para poder justificá-la. E não é cortina de fumaça, mas o funcionamento esperado das instituições. Ora, não dá para dizer que ela é ditatorial só na hora em que o pau come contra o nosso campo.

A tentativa de pintar a PF como braço armado de um governo específico desmorona diante dos fatos. A mesma PF que bate à porta de deputados bolsonaristas também aperta o cerco sobre aliados do Planalto, integrantes do primeiro escalão e figuras bem relacionadas no Congresso. O fio condutor não é ideológico, mas financeiro: dinheiro público desviado, esquemas mal explicados e a velha cultura de tratar o Estado como extensão do patrimônio privado.

É isso que apavora parte do Congresso hoje. Não é perseguição política, é o risco real de que a normalização da impunidade esteja sendo interrompida. Com investigações sob relatores distintos no STF, indicados por Bolsonaro e Lula, e o julgamento dos desvios de emendas se aproximando, o parlamento encara a possibilidade de um banho de Pinho Sol.

Não à toa propostas de mudanças em leis tentaram amordaçar a Polícia Federal, sujeitando-a às conveniências do Poder Legislativo e de governos estaduais. Isso quando não tentaram reduzir as verbas para as investigações. A corporação precisa seguir as regras e não está acima delas, mas até agora, vem apenas cumprindo o mandato a ela entregue.

Quando a PF bate em todo mundo, a narrativa de vítima perde força, e sobra apenas a pergunta incômoda: quem mais vai cair quando a luz for acesa?

 

 

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