Contendo um calhamaço com mais de 120 páginas e apresentado nesta quarta-feira (19) pelo vereador Hudson Moreschi com base em informações obtidas junto a 63 testemunhas, o relatório final da CPI instaurada para investigar o andamento do processo administrativo que apurou a denúncia de assédio sexual em um Cmei de Cascavel, além de casos suspeitos registrados entre 2019 e 2024, não tratou de "dourar a pílula", mas traçar um cenário à luz da verdade.
O documento descreve falhas sistêmicas na rede de proteção infantil, atrasos injustificados, ausência de interação entre setores responsáveis por casos desse tipo e omissões que permitiram que o servidor investigado continuasse prestando serviços na rede de educação infantil mesmo depois de ter sido formalmente denunciado.
Esse servidor, condenado mais tarde a 30 anos de prisão, teve seu processo paralisado por mais de três anos segundo o relatório, pois de 2021 a 2024 não houve qualquer movimento relevante. Por conta disso, as providências cabíveis foram bastante retardadas.
A comissão concluiu que a rede de proteção que deveria funcionar em toda rede é praticamente inoperante, com responsabilidades difusas entre diretores, coordenadores e setores da Secretaria Municipal de Educação.
A conclusão do relator será agora encaminhada ao Ministério Público Estadual para análise mais aprofundada, e também sugere à administração municipal a abertura de Processo Administrativo Disciplinar contra Cátia Simone Wermuth, presidente do primeiro processo administrativo contra o abusador, e Cletírio Ferreira Feistler, à época Controlador-Geral do Município.
Nele também está sugerida a criação do Sistema Municipal de Enfrentamento à Violação de Direitos de Crianças e Adolescentes, visando padronizar procedimentos e dar maior proteção às crianças que estudam na rede municipal cascavelense. (Foto: Divulgação CMC)