Levantamento que acaba de ser divulgado pelo Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com População em Situação de Rua, feito pela Universidade Federal de Minas Gerais com base nos dados do CadÚnico, confirma uma vez mais a necessidade de o poder público, em todos os níveis, se preocupar mais com o ser humano - mesmo que à custa de uma redução nos investimentos em outras áreas, que também são muito importantes.

Pelo estudo, segue crescendo de forma preocupante o número de pessoas de rua, um problema que traz consigo também o aumento da criminalidade conforme tem sido visto principalmente nas cidades de porte médio e grande. Esse contingente subiu para nada menos que 358 mil no País todo no mês de outubro, realçando a necessidade de se tratar do tema de forma mais concreta e sem a demagogia de muitas propagandas oficiais.

O cenário é pior em São Paulo, onde há 148 mil pessoas vivendo nas ruas, 99 mil delas apenas na capital. Em seguida vêm o Rio de Janeiro, com 33 mil, e Minas Gerais, com 32 mil. Juntos, esses três estados (paradoxalmente os mais ricos do País) respondem por nada menos que 60% de todo contingente.

E na sequência aparece o Paraná, justamente o quarto mais rico, citado o tempo inteiro como "supermercado do mundo" e onde, a julgar pelos dados oficiais, emprego há para todos os gostos graças, principalmente, à solidez da economia agro, mas existem praticamente 12 mil pessoas de rua e 551 lares contemplados pelo programa Bolsa Família. Depois do Paraná vêm Bahia (16 mil), Rio Grande do sul (15 mil), Ceará (13 mil), Santa Catarina (11 mil e Roraima (9 mil).

"O descumprimento da Constituição Federal de 1988 com as pessoas em situação de rua continua no Brasil, com pouquíssimos avanços na garantia de direitos dessa população, majoritariamente negra e historicamente tão vulnerabilizada", opina o Observatório em nota. (Foto: Antonio Cruz/AGBR)