O ovo, o império e a farsa da austeridade.
O ovo, o império e a farsa da austeridade.
Por Administrador
Publicado em 14/04/2025 10:28
Opinião

O Brasil bateu recorde de produção de ovos. Nunca se pôs tanto ovo neste chão. E ainda assim, o preço não baixa. Por quê? Porque os Estados Unidos, diante de surtos internos e política protecionista, triplicaram a importação do produto brasileiro. O agro comemorou. Mas quem paga a conta é o povo daqui. O agronegócio, subsidiado, exporta lucro enquanto o brasileiro raciona proteína. É a lógica de uma elite agroexportadora parasita do Estado: quer estrada, crédito, isenção — e dólar alto. Mas não quer contrapartida social, nem compromisso com a soberania alimentar.

Enquanto isso, os Estados Unidos se contorcem em seu próprio erro: terceirizaram sua indústria, empurraram tudo para a China, apostaram em bolhas financeiras e serviços como motor da economia. Agora veem o império ranger. Porque sem chão, não há teto. E sem indústria, não há base. O colapso do modelo estadunidense não é surpresa para quem leu a história — só para quem se alimenta de slogans e filmes de ação.

Aqui, o povo segue esmagado entre dois muros: juros altos e salários congelados. A taxa Selic virou castigo coletivo. Impede o crédito, encarece a comida, sufoca o pequeno empreendedor e enriquece o rentista. Juros altos são um Robin Hood ao avesso: roubam da feira para pagar o banqueiro. E quando se fala em "cortar gastos", miram o salário mínimo — nunca os supersalários do Judiciário, das Forças Armadas, nem os auxílios secretos dot Legislativo. O Brasil não quebra por conta do pobre. O Brasil sangra por sustentar privilégios do topo.

Congelar o salário mínimo é congelar a própria economia. O pobre não especula: o pobre consome. E é o consumo que move o comércio, o transporte, a indústria. O verdadeiro ajuste não está no bolso de quem ganha um salário — está no topo do Estado. Reforma séria se faz cortando pensões milionárias de militares inativos, subsídios bilionários ao agronegócio parasita, e penduricalhos fiscais do sistema financeiro.

Ainda assim, há caminho. O mundo, farto da hegemonia falida, ensaia novos pactos. O Brasil pode escolher entre o servilismo e a reconstrução. Pode se ver como país exportador de grão ou como nação construtora de futuro. O ovo, sozinho, não alimenta. Mas se bem cozido, pode ser o começo de uma revolução na panela.

 

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