Odeio ser repetitivo em meus comentários, mas às vezes fugir disso é como avalizar malfeitos que custam caro a quem não economiza esforços para ter uma vida digna e não ficar na dependência sempre dos outros.
Faço essa breve introdução para voltar a tratar de um problema que salta aos olhos de qualquer sujeito minimamente de bom senso, mas não parece sensibilizar grande parte dos "representantes do povo", como se a tal política do "pelo social" não tivesse sido transformada em ferramenta para "escalpelar" quem realmente cumpre suas obrigações - e, de quebra, legalizar a compra indireta do voto.
Refiro-me ao balanço desta semana dando conta que em Cascavel chegam a 3.500 as ofertas de emprego com carteira assinada disponíveis sem que haja interessados em ocupá-las, passando a falsa ideia do desemprego zero.
Em setembro passado, mês da divulgação do mais recente balanço oficial de que se tem notícia sobre o Bolsa Família, cerca de 12,5 mil cascavelenses estavam na lista de beneficiários desse programa, quase quatro vezes mais que as vagas de emprego disponíveis.
Mas isso é coisa miúda perto do cenário nacional, pois, excluindo os servidores públicos, em nada menos que 13 das 27 unidades da Federação o número de beneficiários do Bolsa Família é maior que o de trabalhadores com carteira assinada.
Nada contra esse programa, pois ninguém está livre o infortúnio e ele é necessário para socorrer quem realmente precisa, mas mantê-lo indefinidamente e sem exigir algo em troca é um erro brutal, pois isso só fará aumentar a legião de desocupados por opção.
Esse auxílio deveria ser concedido por um período pré-determinado e seus beneficiários inseridos em programas de profissionalização para que aprendam um ofício capaz de lhes garantir que ingressem ou retornem ao mercado de trabalho para sobreviver às próprias custas e não como párias do restante da sociedade.
E para encerrar a conversa, que ninguém atribua essa culpa só ao Governo Federal, que foi quem abriu esse poço sem fundo, pois quem define as pessoas que devem receber o Bolsa Família são as administrações municipais, não sem a "desinteressada" contribuição direta dos nobres vereadores. (Foto: Reprodução)