O problema das invasões de terras na região Oeste do Paraná teve mais um capítulo, desta vez articulado pelo setor produtivo e por políticos paranaenses. Nesta terça-feira (23), o Sistema Faep/Senar, a Frente Parlamentar da Agropecuária e os sindicatos rurais da região reuniram mais de 150 agricultores e pecuaristas, lideranças rurais e políticos na cidade de Guaíra, para discutir as consequências das invasões de terra na região e medidas que podem ser tomadas.
Atualmente, cinco áreas estão ocupadas por indígenas, sendo três no município de Terra Roxa e duas em Guaíra. Apesar de a Justiça já ter concedido reintegração de posse em alguns casos, nada foi feito por parte dos governos estadual e federal.
Há semanas, o setor agro tem pedido a intervenção imediata dos órgãos oficiais para conter a situação e garantir a segurança jurídica dos produtores rurais. O setor também teceu duras críticas à passividade dos setores governamentais e cobrou uma resposta enérgica para cumprir as reintegrações de posse.
"Pedimos que sejam tomadas medidas efetivas. Nossos produtores estão exaustos dessa insegurança, do descaso com todas essas invasões. O problema só cresce, se não houver uma providência, a atividade agropecuária está ameaçada. Nosso município e a região dependem do agronegócio, motor da nossa economia. Não é um problema de quem tem terra invadida, é um problema de todos nós", declarou Silvanir Rosset, presidente do Sindicato Rural de Guaíra, representando as entidades da região.
O deputado federal e presidente da FPA, Pedro Lupion, anunciou que está em tratativas com o Governo do Paraná para obter autorização federal para que a Polícia Militar possa fazer as reintegrações de posse, mesmo sendo em faixa de fronteira. "A FPA tem capacidade política de pressão e articulação e de influenciar as decisões que estão sendo tomadas. Nós estamos tentando buscar uma solução para que a PM possa fazer as reintegrações e, principalmente, que Brasília entenda a gravidade do que está acontecendo aqui", apontou.
DESDOBRAMENTOS
Durante o encontro, diversos produtores relataram as invasões ocorridas, destacando a falta de previsibilidade como fator prejudicial ao planejamento financeiro das propriedades rurais. Além de impedimentos, como dificuldades de comercialização e de acesso ao seguro rural e a financiamentos, muitos agricultores demonstram incerteza sobre o investimento nas próximas safras, considerando que, até o momento, não há ações efetivas por parte das autoridades.
A senadora e ex-ministra da Agricultura, Tereza Cristina, que participou da reunião por videoconferência, adiantou que fará parte de uma comissão no STF (Supremo Tribunal Federal), com mais dois senadores e três deputados, para encontrar soluções definitivas para o problema, que também atinge outros Estados brasileiros. "A situação é delicada, mas estamos tentando achar uma equação para que possamos manter a paz no campo. O Marco Temporal é o posicionamento dos deputados, senadores, federações e CNA. Não vamos admitir retrocessos nesse tema", advertiu.
Outros representantes políticos frisaram a negociação como ferramenta para chegar a um ponto comum, mas, com posicionamento firme em defesa do cumprimento do direito à propriedade e do Marco Temporal. "Nós repudiamos a invasão de terras produtivas, seja por MST [Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra] ou por indígenas. Nós, produtores, vamos colocar esse país no eixo da forma correta, com conversa e negociação", salientou o deputado federal Nelsoinho Padovani.
O também deputado federal Sérgio Souza traçou uma linha do tempo dos principais acontecimentos envolvendo invasões indígenas na região Oeste do Paraná e reforçou o posicionamento da FPA em defesa do setor produtivo. "Nós, defensores do produtor rural, do direito à propriedade, vamos fazer o que for necessário enquanto isso não se resolver. Temos que negociar, mas também nos posicionar fortemente contra essas invasões que vão contra ao que está na Constituição, que é o direito à propriedade", disse. (Foto: Divulgação)