Primeiros vereadores foram fortes e atuantes
História
Publicado em 14/04/2024

Segundo pleito eleitoral após a reconquista da democracia, que deu fim à esgotada ditadura do Estado Novo, as eleições municipais de 22 de julho de 1951 em Foz do Iguaçu tiveram pela última vez a participação dos eleitores das regiões de Cascavel, Toledo e Guaíra.

Esses três municípios seriam criados em novembro desse mesmo ano, com as respectivas primeiras eleições previstas para novembro de 1952. Considerando o amplo território do Município de Foz do Iguaçu, todos os nove vereadores iguaçuenses eleitos em 1951 tinham compromissos com o interior, mas cinco se destacavam mais por suas ligações com Cascavel, Toledo e Medianeira que pela sede do Município. 

Esses três municípios seriam criados em novembro desse mesmo ano, com as respectivas primeiras eleições previstas para novembro de 1952. Considerando o amplo território do Município de Foz do Iguaçu, todos os nove vereadores iguaçuenses eleitos em 1951 tinham compromissos com o interior, mas cinco se destacavam mais por suas ligações com Cascavel, Toledo e Medianeira que pela sede do Município. 

 

Os quatro eleitos diretamente pela sede, Sady Vidal, Heleno Schimmelpfeng, Moacyr Pereira e Júlio Pasa, também tinham relações com o interior, mas foi surpreendente e notável que Cascavel tenha conseguido eleger dois vereadores (Antônio Rodrigues de Almeida e Jacob Munhak) e Toledo, jovem cidade iniciada em 1946, outros dois: Domingos Francisco Zardo e Carlos Mathias Becker. 

 

O quinto vereador eleito em 1951 mais ligado ao interior foi Emílio Henrique Gomez. Sua atuação foi tão intensa e participante na formação da Rota Oeste que veio a se tornar a figura histórica mais destacada da região.

Depois de voar, pés no chão

Gomez foi o líder mais destacado dessa época. Mesmo vindo de fora, um gaúcho sem relação com as famílias tradicionais da fronteira, depois de uma vereança altamente produtiva ele se elegeu prefeito de Foz do Iguaçu com ampla votação e depois também de Céu Azul, Município que criou.

 

A extraordinária história de Gomez começa em Caxias do Sul (RS), onde nasceu em 4 de abril de 1923 para iniciar seus voos na construção histórica desta parte tão importante do Brasil. Completou os estudos do grau médio em Erechim, no Norte gaúcho, e ali ficaria, se a II Guerra Mundial não lhe abrisse a oportunidade de cursar a Escola Técnica de Aviação, em São Paulo.

 

Desenvolvendo sua capacidade de liderança, foi instrutor da Escola de Aeronáutica no Campo dos Afonsos, no Rio de Janeiro. No final da guerra, deixando a Força Aérea, partiu para Santa Helena, no Oeste paranaense, onde a família instalava uma serraria.

 

Santa Helena fazia parte do Município de Foz do Iguaçu. Gomez estendeu sua atuação por uma ampla porção do extremo-Oeste e na eleição municipal de 1951 Gomez foi eleito vereador pelo Partido Social Progressista (PSP).

 

Nessa época, pioneiro na colonização de Medianeira, onde morava desde 1949, dedicando-se à extração de madeira, sua atuação na Câmara de Foz e na sociedade foi toda voltada a fortalecer o interior oestino.

 

Mesmo sem ter como foco principal a cidade de Foz do Iguaçu, Emílio Henrique Gomez concorreu em 1959 ao cargo de prefeito de Foz do Iguaçu, obtendo uma vitória espetacular.

 

Nome forte da Rota Oeste

Como vereador e depois prefeito do grande Município de Foz do Iguaçu, Gomez foi um dos principais sustentáculos dos projetos de colonização que distribuídos pela futura BR-277, até Cascavel, iriam configurar a Rota Oeste.  

 

Assim, logo que terminou o mandato de mandato de prefeito na fronteira, fixou-se em 1963 na ainda minúscula Céu Azul, onde assumiu a função de gerente industrial da recentemente criada empresa Oleolar S/A.

 

Deixando a empresa para se candidatar à Prefeitura de Céu Azul, em 1968, foi candidato único, sem adversários, uma raridade em período de muita polarização político-eleitoral, obtendo 90% dos votos. Reconhecido como um dos mais importantes líderes do Oeste, Emílio Gomez morreu em 29 de agosto de 1983.

 

Além de Gomez, pela comunidade de Medianeira, nas eleições de 1951 as regiões de Toledo e Cascavel elegeram dois vereadores cada uma. De Toledo foram para a Câmara de Foz do Iguaçu os vereadores Domingos Francisco Zardo e Carlos Mathias Becker, que logo, a exemplo de Gomez, destacaram-se em ações pelo fortalecimento do interior oestino.

 

Zardo, família influente

Nascido em Nova Prata (RS), em 11 de novembro de 1917, Domingos vinha de famílias de madeireiros (Zardo e Vigo) que abasteciam Porto Alegre. Também com foco na madeira e nas oportunidades da região, chegou ao Oeste do Paraná em 1946, vindo da terra natal com o irmão Hilário Zardo.

 

Em 1947, os irmãos Zardo traziam os primeiros tratores para abrir a estrada até a Palotina, cuja colonização foi inspirada pela cafeicultura, motivando um ambicioso projeto da Companhia Pinho & Terra, iniciado para trazer e assentar colonos sulinos na região da atual Palotina.

 

Quando a Companhia Maripá, que colonizou uma ampla região no Médio-Oeste, criou a Agro-Industrial do Prata Ltda, em Toledo, para montar serrarias na região, Domingos era um dos sócios da empresa e acabou se firmando na gerência.

 

Ainda residindo em Toledo, Domingos Zardo foi eleito vereador pelo Município de Foz do Iguaçu em julho de 1951, pelo Partido Republicano, do governador Bento Munhoz da Rocha. 

 

Atuando entre Foz e Palotina

Ao estruturar a comunidade de Palotina, Zardo iniciou a campanha pela emancipação do Município, que pertencia Guaíra, e sua atuação política rendeu à região estradas e pontes, linhas telefônicas e as bases do sistema de assistência social e ensino palotinense.

Por essa atividade ele também a ser o segundo prefeito de Palotina, de fevereiro de 1966 a janeiro de 1970, com seu nome eternizado por uma rua em Foz do Iguaçu e uma escola em Palotina.

 

Por sua vez, Carlos Mathias Becker (1913–1955) foi o sucessor de Zardo na gerência da Industrial do Prata e da Industrial Agrícola Britânia, empresas iniciadas por Willy Barth como desdobramento da colonizadora Maripá.

 

Os dois vereadores eleitos pela região de Cascavel foram Antônio Rodrigues de Almeida e Jacob Munhak. Poderia ser motivo de estranheza não haver em Cascavel nenhuma rua ou escola com o nome de Almeida, mas a “culpa” foi de Munhak.

 

Ao gravar depoimento sobre sua participação na Câmara Municipal de Foz do Iguaçu, Munhak foi perguntado sobre quem mais foi vereador de Cascavel em Foz do Iguaçu. Ele disse “Antônio Almeida”, mas na degravação ficou grafado “Antônio Leivas”. 

 

Só Foz homenageou Almeida

Cascavel não tem nenhuma rua como o nome de Almeida, mas tem uma rua com o nome de alguém que nunca existiu: “Antônio Leivas”, no bairro Santa Felicidade. Foz do Iguaçu homenageou Almeida com uma rua no jardim Panorama.   

 

Ligado à família Pompeu, Antônio Rodrigues de Almeida nasceu em Lagoa Vermelha (RS) e foi vereador em Foz do Iguaçu com a votação obtida no Distrito de Cascavel. 

 

Foi um dos fundadores do Tuiuti Esporte Clube, em 1949, e presidente da Associação Rural de Cascavel de 1953 a 1955, entidade que também fundou e foi o berço do cooperativismo regional.

 

Casado com a professora Jacy Fagundes de Almeida, desempenhou as funções de delegado civil de Polícia em Cascavel e Laranjeiras do Sul.

 

Foi escriturário e chefe da 5ª Seção da Comissão de Estradas de Rodagem (hoje o equivalente ao DNER) e nessa condição um dos responsáveis pela construção da atual BR-277, nos canteiros de obras de Cascavel e Laranjeiras do Sul.

 

Munhak, o líder da colônia eslava

Filho do carroceiro e agricultor João e de Maria Reva Munhak, Jacob nasceu em Itaiópolis (PR, atualmente SC) em 1º de maio de 1901. Tinha oito irmãs e três irmãos. 

 

Aos 35 anos, Munhak se deslocou de Canoinhas (SC) ao Paraná, primeiro para a Colônia Mallet (Laranjeiras do Sul) e em seguida para o interior do Distrito de Cascavel. Logo no princípio se estabeleceu na Colônia Esperança, de onde se dirigiu à Colônia São João, onde a família se fixou. 

 

Casado com Genoveva Bioleski, Munhak teve sete filhos: Eduardo, Vitória, Albino, Tereza, Daniel, Leonilda e Antônio. Eleito vereador pelo Distrito de Cascavel na Câmara de Foz do Iguaçu em 1951, sempre esteve empenhado na luta pela criação do Município de Cascavel, ao lado de outros líderes locais.

 

Ao contrário de outros filhos de colonos no início do século, Munhak chegou a obter alguma instrução, o equivalente às primeiras séries do 1º grau. Foi por isso que além de agricultor, sua ocupação principal, também exerceu as funções de delegado de Polícia designado pela Prefeitura de Foz do Iguaçu ao Distrito de Cascavel. 

 

Jacob Munhak foi o autor do projeto de lei que denominou de Coronel Adalberto Mendes da Silva o aeroporto de Cascavel. Morreu em 17 de setembro de 1987, aos 86 anos. 

 

100 anos da revolução: Leis para não cumprir 

No início de 1924 estava em debate a revisão da primeira Constituição republicana, de 1891. O povo atribuía seu sofrimento às leis não cumpridas, a oposição ao presidente Artur Bernardes não sabia como fazê-la cumprir e até o governo reconhecia que ela não atendia às necessidades nacionais.

 

Imitando a dos EUA, a Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil instituía o federalismo, “união perpétua e indissolúvel” dos estados autônomos. Já destinava uma área no Planalto Central para a futura capital federal. Com eleição direta e independência entre os Poderes, extinguiu o Poder Moderador e impôs o Estado laico (sem interferência religiosa). 

 

Bernardes pôs fim ao estado de sítio com o qual respondeu à rebelião militar de 1922, mas manteve as regras do jogo democrático só no papel, governando de maneira despótica, sem melhorar os métodos de gestão.

 

Como o governo só cumpria o que lhe interessava, uma das causas da revolução de 1924 foi a falta de respeito à Constituição.

A bandeira dos Estados Unidos do Brasil, criada por Ruy Barbosa, deixava evidente a intenção de copiar os EUA

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