Desde o final do século passado, o agro vem proporcionando sucessivos saldos positivos a nossa balança comercial por conta das suas exportações. Neste ano, o feito deve se repetir. No ano passado, este saldo positivo foi de 62 bilhões de dólares, que provavelmente será superado, já que o saldo atual está em 71 bilhões de dólares.
Como sabemos, o nosso setor movimenta uma grande parte da economia nacional, além de produzir comida para nossa população e para diversas partes do mundo.
Esse notável fenômeno econômico somente é possível porque, por trás, está o trabalho do produtor rural. Afinal, sem o agricultor e o pecuarista, não existiria o agro e, consequentemente, nem os expressivos resultados econômicos, sociais e ambientais, especialmente nos municípios do interior do Brasil.
Embora seja o óbvio, é preciso enfatizar esta verdade para boa parte dos nossos representantes dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, que insistem em criar obstáculos, mesmo o agro ajudando o Brasil. Afinal, a todo momento, uma péssima novidade.
Uma hora é o Supremo Tribunal Federal distorcendo a Constituição ao negar o Marco Temporal da demarcação das áreas indígenas ou, então, ao criar um "Frankenstein", ressuscitando a contribuição sindical, com o pseudônimo de "contribuição assistencial", para alimentar os cofres do sistema das confederações trabalhistas, que, por sua vez, alimentam políticas ultrapassadas.
Outra hora é o próprio governo federal, sabotando o seguro rural, ferramenta de gestão essencial para que os produtores rurais se arrisquem a plantar em meio às incertezas climáticas. Há, ainda, os órgãos federais que insistem em ignorar o Código Florestal para multar produtores rurais sob a falsa alegação de que suas propriedades devem se enquadrar na legislação da Mata Atlântica. O Código Florestal está aí, e precisa ser cumprido!
No âmbito estadual também temos desserviços. O Governo do Estado, em conluio com o Governo Federal, abandou as rodovias, que deveriam estar sob administração de novas concessionárias desde novembro de 2021. Ou seja, há mais de dois anos, o abandono resulta em prejuízos e, infelizmente, mortes. O produtor rural acaba sofrendo para escoar a safra, pois as rodovias ficaram interditadas por causa de desmoronamentos, como nos episódios da Serra do Mar, e com o aumento no custo dos fretes em direção ao Porto de Paranaguá.
Diante deste cenário de caos, é no Congresso Nacional que aparecem nossos aliados, principalmente os deputados federais e senadores que compõem a bancada ruralista. Esses, posso afirmar, são verdadeiros defensores dos interesses do produtor rural. A estes, meus sinceros agradecimentos.
Mesmo assim, a nossa defesa deve ser permanente, estruturada, e a partir de uma rede forte, unida, para que possamos alimentar com informações, demandas e dados os nossos parlamentares
A nossa união é fundamental, pois a defesa dos produtores rurais começa na base, lá dentro da porteira, na roda de conversa no sindicato rural, nas reuniões das comissões técnicas e na qualificação por meio dos cursos do Senar-PR. Posteriormente, podemos auxiliar nossos representantes políticos. Afinal, o setor é extremamente sujeito a decisões dos governos municipais, estadual e federal.
Aqui quero fazer uma ressalva. Nos últimos anos, a mobilização de mulheres do agro paranaense tem sido um exemplo para o País. Tanto que a nossa Comissão Estadual de Mulheres da Faep foi reconhecida pela revista Forbes, na lista "50 Grupos de Mulheres do Agro do Brasil". Além disso, outras federações de agricultura têm se inspirado no trabalho realizado no Paraná para aplicar em seus respectivos Estados. A vocês, produtoras rurais, também deixo os meus sinceros agradecimentos.
No contexto atual em que vivemos, tenho uma certeza: quando muitas vozes conscientes se tornam um coral, certamente vão nos escutar e perceber que existe algo que precisa ser atendido. E essas vozes são as nossas! Então, reforço: precisamos nos unir e fortalecer o nosso sistema e o nosso setor. (Foto: Divulgação Faep)
SICREDI