O caso envolvendo o colégio cívico-militar de Curitiba não é um desvio isolado. É sintoma de um projeto que transforma a escola públicca em espaço de controle, medo e silenciamento. Quando adolescentes são levados a repetir palavras que glorificam violência e morte, não estamos diante de “disciplina”, mas de doutrinação autoritária.
Esse episódio também reforça aquilo que meu mandato vem denunciando constantemente. A militarização das escolas do Paraná tem produzido violações de direitos, práticas abusivas e ambientes que punem ao invés de educar. Esse modelo não resolve problemas. Apenas transfere lógica militar para um espaço que deveria ser de liberdade, de criação e de formação cidadã.
Isso revela o que a militarização do ensino realmente produz: a normalização da brutalidade, a pedagogia do medo e a desumanização de quem vive nas periferias. Não é coincidência que os alvos simbólicos desses discursos sejam sempre os mesmos: jovens, negros, pobres e moradores das bordas da cidade. Esse tipo de prática reforça a lógica do inimigo interno e legitima a violência que já atravessa o cotidiano dessas comunidades.
A escola deveria ser um espaço de proteção. Quando ela passa a reproduzir valores que incentivam ódio e hierarquias violentas, precisamos afirmar com clareza: isso fere a democracia e ameaça o futuro das nossas crianças.
Reafirmo meu repúdio e minha preocupação. Não podemos permitir que a formação escolar seja atravessada por práticas que ferem direitos humanos e moldam subjetividades pelo medo. Defender uma educação pública democrática, plural e antirracista é defender a vida e isso exige responsabilidade política e reação da sociedade.
E toda vez que a violência entra pela porta da escola, a democracia sai pela janela. É isso que precisamos impedir.
