Gleisi tenta reaproximação com PDT, mas enfrenta resistência após saída de Lupi e crise no INSS
Gleisi tenta reaproximação com PDT, mas enfrenta resistência após saída de Lupi e crise no INSS
Por Administrador
Publicado em 10/07/2025 15:07
POLITICA
Ministra das Relações Institucionais se reuniu com parlamentares pedetistas nesta terça-feira; bancada reafirmou posição de independência em relação ao governo

Em nova tentativa de reaproximar o PDT da base governista, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), se encontrou nesta terça-feira com os 17 deputados federais do partido.

O objetivo do encontro foi reabrir canais de diálogo e tentar recompor a base aliada na Câmara, mas, segundo relatos de participantes, a recepção foi fria. Apesar de apelos por uma reaproximação com o Palácio do Planalto, os deputados reforçaram críticas ao tratamento dado pelo governo ao partido.

A crise entre o PDT e o governo se intensificou após a demissão de Carlos Lupi do Ministério da Previdência Social, em meio a denúncias de fraudes bilionárias no INSS. Lupi foi substituído por Wolney Queiroz, também do PDT, mas a bancada não considerou a nomeação como uma compensação política, avaliando que Wolney assumiu o cargo por proximidade pessoal com o presidente Lula, e não como representante formal da legenda.

Antes mesmo da exoneração de Lupi, o PDT já se queixava da falta de espaço na Esplanada dos Ministérios, sobretudo em comparação com legendas do centrão, como PP e Republicanos, que concentram pastas relevantes e, mesmo assim, protagonizam episódios de infidelidade nas votações no Congresso. Nesta terça-feira, a posição de independência foi mantida:

— Reiteramos o caráter de independência da bancada, naturalmente sem oposição. A oposição está muito longe do nosso campo ideológico — afirmou o líder do partido na Câmara, deputado Mário Heringer (MG).

Mesmo com a recusa em retornar formalmente à base, os parlamentares avaliaram positivamente a disposição de Gleisi em ouvir as queixas e buscar saídas para o impasse. Segundo interlocutores do Planalto, a ministra sinalizou que o governo está aberto a construir uma nova relação com o partido.

Desde o anúncio de afastamento, o PDT tem se posicionado de forma decisiva contra o governo em votações relevantes. Um exemplo foi a derrubada, na Câmara, dos decretos presidenciais que aumentavam o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Dos 17 deputados, 16 votaram contra o Planalto, e apenas um esteve ausente. A votação se transformou em uma grande derrota para o governo, que decidiu judicializar a medida, fragilizando a relação com o Congresso.

Nos bastidores, no entanto, aliados de ambos os lados avaliam que uma reaproximação é possível, e até provável. A perspectiva de um desembarque formal do ex-ministro Ciro Gomes, que negocia filiação ao PSDB, deve abrir caminho para uma reconfiguração da postura do PDT. Além disso, o partido discute a possibilidade de formar uma federação com o PSB, sigla que ocupa ministérios e a vice-presidência, o que pode facilitar um novo alinhamento com o Planalto.

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