J .J. Duran
Em um de seus memoráveis escritos, Alberto Torres dissecou a precariedade do nosso sistema político pontuando que, salvo exceções, os políticos recém-chegados ao cenário deixam para os sociólogos a abertura de novos caminhos na trilha política, com o agravante de os sociólogos estarem preparando o advento dos economistas para refazer todo o quadro da problemática econômica produzida pelos gastos de governos acostumados a distribuir aquilo que não produz.
Não devemos subestimar os políticos, pois estes, muitas vezes subalternizados pelos medíocres detratores de plantão, serão sempre os mediadores entre governantes e governados e insubstituíveis intérpretes das aspirações do povo.
Existem os políticos com sede incalculável de gozar das benesses que o poder outorga, algumas indiscutíveis pela liturgia dos cargos e outras nem tanto, assim como os que, ao entrar nos recintos do poder, não esquecem que foram eleitos pelo povo por estarem identificados com o sofrimento e as frustrações sofridas por quem os elegeram.
Os bons políticos, aqueles realmente identificados com o sofrimento do povo, de tudo fazem para que a política realmente seja uma forma de contemplar os interesses legítimos de todos e também da República.
Esses políticos, envelhecidos pela luta para dignificar os mais necessitados, fazem do civismo uma religião e da política um culto, enfrentando os sedentos pelo poder e por novas riquezas.
Eles pregam desde sempre que os mandatos são do povo, que os outorga temporariamente pela autêntica existência de uma democracia na qual todos devem ter a oportunidade de viver e progredir com dignidade.
Mas não podemos ignorar toda a dramaticidade que permeia a atual geração de homens públicos, cujo quadrante político está comprometido em todos os níveis.
Com ideologias ignoradas e deslealdade aos ideais pregados em campanha, sobra ao eleitor uma desolada espera de quatro anos até a eleição seguinte, quando, via de regra, o fracasso de repete.
Resumindo: a política e os políticos são simplesmente parte de uma problemática com a qual o eleitor precisa lidar de forma perene. (Foto: Reprodução)
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário de Cascavel e do Paraná