J. J. Duran
Para um jornalista político não há nada mais importante que a memória, pois ela permite lidar com personagens que, por contemporaneidade ou por força da profissão, lhe dão a liberdade para se posicionar no presente sem as maquiagens do passado.
Em tempos eleitorais, escrever sobre atores que marcaram circunstancialmente os fatos é algo que impõe ao analista recorrer à memória das biografias verdadeiras, aquelas não escritas por hábeis marqueteiros.
Uma frase que ouvi inúmeras vezes nas redações dos jornais nos quais tive a honra de trabalhar foi determinante para conhecer o ontem e o hoje de muitas figuras públicas. Diz ela: "Diga-me o que fizestes pelo povo e te direi quem és".
Assim, para atualizar a ficha pessoal de um determinado candidato é necessário refletir o quão penoso deve ser, para determinados políticos, respirar sem passado.
Não vamos vasculhar o passado ideológico, porque a maioria dos candidatos de nossa amada pacata aldeia chamada Cascavel mostra que ideologia e fidelidade não fazem parte do currículo que nos vendem os marqueteiros.
Figuras da esquerda "café com leite" hoje são porta-bandeiras da direita raivosa, e velhos e surrados burgueses capitalistas se apresentam travestidos de líderes trabalhistas.
Isso torna difícil, para um eleitorado midiático e pouco politizado ou pouco conhecedor do que defende seu partido, identificar o real quadro que o menu paroquial oferece.
Todos os personagens que se apresentam no cenário público como candidatos neste momento merecem nosso maior respeito, pois são eles figuras de prestígio junto às suas comunidades, mas devem ter como vocação servir e não ser servidos e expressar o vocábulo verdade em cada instante de sua vida pública.
A vitória ou a derrota numa contenda política é circunstância efêmera, como efêmero também é o poder, e o voto é símbolo da liberdade que a democracia nos oferece, pois isso é importante que saibamos votar.
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário de Cascavel e do Paraná
