Quando o eleitor desatento ouve dizer que há um tal Conselho de Ética na Câmara dos Deputados, logo pensa que, por mais que os políticos lá de Brasília sejam mal falados, ainda há entre eles número considerável que carrega a bandeira do puritanismo, ou seja, que defende princípios morais rígidos. Ao se aprofundar no tema, no entanto, esse mesmo eleitor tem uma enorme decepção.
Prova disso é um levantamento atualizado do Congresso em Foco, site especializado no acompanhamento das atividades do Congresso Nacional, segundo o qual nada menos que dez dos 36 parlamentares componentes do Conselho de Ética da Câmara estão sendo investigados ou já respondem a processos abertos pela Justiça por crimes comuns ou eleitorais, dentre eles três do PL e dois do PT, partidos que polarizam a disputa na Casa.
Acredite se quiser, mas esse conselho é responsável por produzir pareceres pela manutenção ou cassação do mandato de parlamentares acusados de violação do Código de Ética e Decoro Parlamentar, bem como diante de sentenças criminais que determinem a perda do cargo.
Não é de se estranhar, portanto, o parecer emitido na semana passada pelo arquivamento do processo de cassação do deputado André Janones, do Avante de Minas, sob alegação de que a gravação em que ele aparece sugerindo o esquema de rachadinha a funcionários, feita em 2019, ocorreu quando ainda não estava em vigor seu atual mandato. (Foto: Divulgação/Câmara dos Deputados)