J. J. Duran
O tempo político que transitamos é muito especial. Na política, os tempos se conduzem de forma diferente ao do relógio ou do calendário.
Adiantar-se ao tempo eleitoral significa pensar antecipadamente no processo de autoproteção do sistema democrático, que determina o tempo das consultas populares.
Aqueles que analisam o quadro político e sua provável evolução sabem que a maturidade do povo exige responsabilidade e seriedade do candidato, que normalmente muito fala, promete e critica.
Faz tempo que a política, tão castigada na indo-América pela ação nefasta dos líderes messiânicos e destrambelhados, há muito assiste ao aparecimento dos verborrágicos, fazedores de tudo aquilo que a necessidade mostra como chaga social.
Os verborrágicos, aqueles de sorrisos longos e palmadas curtas, falam sem levar em conta que o passado pode condenar suas promessas por repetitivas e descumpridas, num ato de leviandade que assusta e deprime aqueles que esperam apenas a verdade.
O tempo político, junto aos avatares próprios de uma situação socioeconômica de crescentes dificuldades, levou ao descrédito e ao negativismo do eleitorado em relação às promessas e euforias triunfalistas de determinados candidatos.
É preciso ter claro que a promessa não vai além de uma postura oportunista, e que falar do futuro nos incertos tempos atuais é delírio corrosivo para a saúde de uma democracia ainda titubeante na grande maioria dos países.
Os políticos verborrágicos excluem propositalmente o passado, no qual, normalmente, seus discursos e suas figuras formaram parte desastrosa da história.
A difícil tarefa de hoje é governar sem cair no abismo perigoso do autoritarismo raivoso, ou do messianismo inconcluso, pois o povo enfrenta a angústia de não ver solucionados problemas já antigos.
O relógio da hora política demanda verdade, seriedade na tarefa de restituir valores e direitos, como também de cumprir obrigações diante de uma sociedade cansada de falsas promessas.
E nesse relógio, todos os ponteiros trazem a marca de uma urgência dramática de realizações sociais.
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná