Com mais de um quilômetro de extensão, a ponte fará a ligação entre Guaratuba e Matinhos, substituindo a travessia por balsas
A Ponte de Guaratuba é a concretização de um sonho da população do litoral do Paraná. Prevista na Constituição Estadual desde 1989, essa obra é esperada há mais de 30 anos e, em 2023, finalmente sai do papel, marcando o início de uma era de desenvolvimento e conectividade para a região. Saiba tudo sobre o projeto!
O começo da obra da Ponte de Guaratuba
No dia 27 de outubro, o governado estadual lançou o marco fundamental da construção da Ponte de Guaratuba, simbolizado pelo bater de uma marreta na primeira estaca do canteiro de obras da estrutura, dois dias depois de o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) derrubar a liminar concedida pela Justiça Federal que suspendeu a licença ambiental prévia para construção do complexo viário, no litoral do Paraná.
Com um investimento total de R$ 386,9 milhões, a ponte vai interligar Guaratuba e Matinhos de maneira mais rápida, eficiente e segura. Atualmente, essa conexão acontece apenas por meio de ferry-boats.
Desenvolvimento do Paraná
O projeto será um marco e faz parte do planejamento estratégico do Governo do Estado para o desenvolvimento do litoral, junto a obras como a revitalização da orla de Matinhos com um novo sistema de drenagem para diminuir cheias e enchentes, a duplicação da Avenida JK, as melhorias nos Portos de Paranaguá e Antonina e outras obras de infraestrutura em todos os municípios da região.
Uma conquista para o estado, a Ponte de Guaratuba é aguardada principalmente pelos moradores, que enxergam nela um avanço no desenvolvimento do município e uma melhoria na qualidade de vida. Uma grande parte da população faz a travessia diariamente e espera que o novo trajeto signifique menos tempo em filas e a garantia de um ir e vir mais seguro e confortável. Hoje, fora da temporada de veraneio, um usuário do ferry-boat gasta ao menos 30 minutos para fazer a travessia de um lado a outra da baía.
O projeto também promete aliviar o congestionamento nos fins de semana e na alta temporada, quando o número de turistas excede a capacidade das atuais opções de travessia.
Impacto do Turismo
Além disso, é esperado um grande impacto no turismo da região: "a ponte será a propulsora de um novo turismo no litoral do Paraná. Ela atrairá mais gente porque o deslocamento será mais fácil, fazendo concorrência com os balneários de Santa Catarina. Atrairá também mais investimento e infraestrutura, além daqueles que já estão acontecendo. A nova orla de Matinhos, por exemplo, está quase pronta. Temos a duplicação da Avenida JK em andamento, logo haverá a engorda da orla de Guaratuba, a revitalização em Pontal do Paraná e as duplicações em Praia de Leste e no caminho para Garuva. Teremos um novo litoral para quem quer aproveitar as belezas naturais de um dos cenários mais atraentes do mundo", comenta Everton Souza, diretor-presidente do IAT (Instituto Água e Terra).
O volume anual médio de tráfego da travessia da Baía de Guaratuba é de 1.359.990 veículos| Foto: Divulgação
Com a construção da Ponte de Guaratuba, que terá 1.244 metros de extensão, o tempo estimado de travessia será de dois minutos. Será uma estrutura robusta, contando com quatro faixas de tráfego, duas faixas de segurança, barreiras rígidas em concreto, calçadas com ciclovia e guarda-corpo nas extremidades.
Também haverá intervenções nas vias de acesso à ponte, com o alargamento da PR-412 dos dois lados, muros de contenção para proporcionar o desnível necessário com o pavimento, um retorno sob a ponte para ligação das vias locais e conexão da Estrada do Cabaraquara com Matinhos.
Quem executará a obra é o Consórcio Nova Ponte, que venceu a licitação em dezembro de 2022 e terá um prazo de 24 meses para conclusão.
No local, há um guindaste de 270 toneladas, que será montado para o lançamento das peças de concreto da ponte, como vigas, peças de colunas e lajes. Outros maquinários também chegaram e uma equipe de trabalho já está ativa.
Preservação do meio ambiente
Um aspecto crucial do projeto é o compromisso do Governo do Paraná com a preservação do meio ambiente. Durante três anos, centenas de engenheiros e técnicos ambientais realizaram estudos e se dedicaram para garantir a sustentabilidade da obra, dentro do que a lei determina.
Para garantir a preservação do meio ambiente, será implantado um sistema de controle de efluentes e um plano de destinação de resíduos sólidos na construção do canteiro, entre outras ações efetivas.
"A importância da construção da Ponte de Guaratuba vai além da resolução de um grave problema urbano, logístico e de infraestrutura que impede o desenvolvimento por completo do Litoral do Paraná há mais de seis décadas. A estrutura viária é a solução para danos ambientais que deixam um severo rastro de poluição na Baía de Guaratuba em razão do atual modelo de travessia de passageiros, veículos e cargas, realizado por meio de balsas, o chamado ferry-boat, cuja operação teve início em 1960", pontua o diretor-presidente do IAT, Everton Souza.
O dirigente continua: "Levantamento com base no contrato de concessão do serviço público em vigor aponta que cada embarcação consome 25,2 litros de óleo diesel a cada travessia entre Matinhos e Guaratuba. No acumulado do ano, considerando a atual rota de navegação, são mais de 700 mil litros de óleo diesel para atender o fluxo de veículos que utilizam o transporte aquaviário. De acordo com estudos técnicos e com base em dados históricos, o volume anual médio de tráfego da travessia da Baía de Guaratuba é de quase 1,4 milhão de veículos. Além disso, os motores das balsas utilizam, em média, 6.940 litros de óleo lubrificante também no período de um ano. Ou seja, agentes poluidores com poder de interferir na água, fauna e flora da região, como deixa claro o histórico de acidentes ambientais causados em decorrência do atual modelo de travessia."
Para Everton Souza, esse é um prejuízo ao meio ambiente acumulado em mais de 60 anos de sistema operacional que será substituído por uma solução estrutural moderna e sustentável, construída seguindo todos os balizadores e estudos ambientais necessários, em conformidade com as legislações estaduais e federais, com medidas compensatórias e mitigadoras, tudo previsto e exigido pelo DER (Departamento de Estradas de Rodagem).
A Licença Ambiental Simplificada (LAS) foi o que liberou o início da obra, emitida pelo Instituto Água e Terra (IAT), e tem validade de dois anos, até outubro de 2025. Essa liberação é decorrente da Licença Prévia (LP) e permite, entre outras ações, a instalação do canteiro industrial de apoio à obra principal e demais acessos, incluindo a fabricação de artefatos de concreto.
Além da LAS, o IAT emitiu também duas Autorizações Ambientais (AA) relacionadas à construção da ponte. Uma de Exploração, que permite o corte isolado de árvores nativas e exóticas localizadas em Área de Preservação Permanente (APP) para a instalação do canteiro de obras. O documento é válido até outubro de 2024 e prevê a supressão de 141 árvores (48 nativas e 93 exóticas), totalizando um volume de 72,13 m³ de material lenhoso. No entanto, o parecer técnico do IAT reforça a proibição do corte de espécies ameaçadas de extinção.
Para minimizar o impacto ambiental, como medida compensatória, o Consórcio Nova Ponte se comprometeu a fazer a reposição florestal de, no mínimo, 10 árvores por unidade nativa suprimida na mesma microbacia hidrográfica, totalizando mais de 1,4 mil árvores.
A outra Autorização Ambiental viabiliza o início das obras de dragagem em trechos da Baía de Guaratuba para permitir o pleno funcionamento do transporte por meio de ferry-boats, pensando na mobilidade de quem vai continuar atravessando de um lugar para o outro. O total de sedimento retirado será de 26.419 m³ em uma área de 13,8 mil m² – 8,8 mil m² referentes ao atracadouro de Guaratuba e 5 mil m² ao da praia de Caiobá. Segundo o documento, a dragagem não deverá ultrapassar 3,5 metros de profundidade.
De acordo com o cronograma do licenciamento ambiental, o projeto está no estágio 1 da Licença Prévia, com a segmentação para Licença Ambiental Simplificada. O próximo passo é a emissão da Licença de Instalação (LI), que autoriza a instalação do empreendimento ou atividade conforme as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambientais.
Legado da Ponte de Guaratuba
A Ponte de Guaratuba é mais do que uma obra de infraestrutura, é a realização de um sonho coletivo, um símbolo de progresso e conectividade para o litoral paranaense. Enquanto as máquinas trabalham no canteiro de obras, a comunidade aguarda ansiosamente a estrutura ganhar forma, melhorando a vida dos moradores, turistas e garantindo o desenvolvimento da região.
Para Everton Souza, presidente do IAT, a Ponte de Guaratuba "representa a ousadia de um governo que decidiu tirar do papel uma obra prometida há mais de três décadas. Significa a união de fato e de direito do nosso Litoral, um ícone arquitetônico que terá impacto na vida de quem mora tanto em Guaratuba quanto em Matinhos e vai ajudar no desenvolvimento econômico e social de toda a região. Os paranaenses ganharão tempo ao não precisar mais esperar em filas pelo ferry-boat. Ganharão qualidade de vida e segurança na travessia. Facilitará a vida do turista que quer conhecer as belezas naturais dessa baía que é uma das mais belas do Brasil e do mundo. É o Paraná, a terra de gente que trabalha e cuida, unido pela ponte Guaratuba-Matinhos."
Para saber mais sobre o andamento da obra, acesse o site do projeto!