A descoberta de que uma manobra contábil havia escondido um rombo estimado por uma equipe de auditores independentes em mais de R$ 45 bilhões nas Lojas Americanas deixou o Brasil inteiro perplexo meses atrás.
A "comoção" foi tamanha que a Câmara dos Deputados (sempre ela!) foi logo instaurando uma Comissão Parlamentar de Inquérito para, de acordo com a justificativa, apurar tudo tintim por tintim o ocorrido e impor aos responsáveis as sanções cabíveis.
Instaurada no dia 17 de maio, a tal CPI foi tão célere que, faltando ainda uma semana para o fim do prazo regimental de 120 dias, já está com o relatório pronto e (pasmem!) sem identificar "de forma precisa" os mentores e executores desta que foi uma das maiores fraudes contábeis da história do País, cujo dano será compartilhado entre todos nós.
E como se isso já não fosse o bastante, eis que os principais acionistas do grupo varejista sequer foram intimados a depor na comissão, enquanto o CEO Miguel Gutierrez foi ouvido apenas por carta.
E quem são esses acionistas? Ninguém menos que João Paulo Lemann (que em Cascavel também fatura uma boa grana como dono do tradicional Colégio Alfa), Beto Sicupira e Marcel Telles, sócios em inúmeros empreendimentos e que figuram entre os cinco maiores bilionários do País, com uma fortuna conjunta superior a R$ 166,5 bilhões conforme o ranking 2023 da Revista Forbes, que acaba de ser divulgado.
Como se vê, nosso Congresso continua sendo um circo especializado em protagonizar grandes espetáculos de horror. Com a diferença de que, neste caso, os "palhaços" estão todos na plateia, não no picadeiro. (Foto: Tânia Rêgo/AGBR)