A podridão da parcialidade no judiciário fez Juíza renúnciar a magistratura e ir morar em outro país. “Não era Justiça, era uma quadrilha”: o depoimento abre feridas e questionamentos daquilo que a sociedade suspeita a muito tempo. A ex-Juíza diz; "consigo falar isso porque não sou mais Juíza e estou a mais de 8 mil kms do Brasil".
Aos 6 de dezembro de 2025, a ex-juíza federal Luciana Bauer decidiu quebrar o silêncio sobre os bastidores de sua época como magistrada na 13ª Vara Federal de Curitiba — a mesma da Operação Lava Jato. Com voz trêmula, ela relatou que foi fisicamente agredida pelo então juiz Sergio Moro e denunciou o que classifica de “má-fia institucional”: um esquema de manipulação de decisões judiciais, perseguição a quem questionava o processo e silenciamento de denúncias.
Segundo Bauer, o conflito começou quando, em um plantão, ela deveria assinar um habeas corpus — a decisão estava correta, mas, ao ordenar a soltura, teve a ordem apagada do sistema. “O alvará sumiu”, afirmou. Para ela, a manobra não foi um erro técnico, mas parte de uma estratégia deliberada para manter presos sob pressão e forçar delações.
A resposta para sua recusa teria vindo em forma de agressão física: em um elevador reservado a magistrados, Moro, segundo ela, “segurou sua garganta com a mão — como se fosse enforcar” — e disse: “Fica quieta, entendeu?”. O ato, descrito como simbólico e intimidatório, faria parte do que ela chama de “código de silêncio” imposto no tribunal.
O impacto psicológico foi imediato e grave. Bauer, mãe recente na época, relata ter tido problemas de saúde — amamentação interrompida, crise de taquicardia, medo constante por sua vida. Decide, então, abandonar a magistratura e se exilar dos holofotes: ela hoje vive nos Estados Unidos.
Mas ela não se calou. Em sua denúncia, descreve uma rede de perseguições: ordens apagadas, servidores coniventes, retaliações a quem questionava os métodos. Para ela, a 13ª Vara e parte do judiciário paranaense deixaram de servir à justiça — e passaram a operar como uma estrutura paralela, com regras próprias e impunidade garantida.
As acusações coincidem com recentes investigações da polícia federal: desde a operação da (PF) Polícia Federal, que mira a antiga vara da Lava-Jato, cresce o escrutínio sobre irregularidades e possível criminalidade institucional. Para Bauer, a hora da verdade chegou — e o Brasil precisa decidir se quer saber o que realmente aconteceu.
A revelação reacende velhas feridas: o brilho midiático da Lava Jato, o moralismo público, a sensação de justiça rápida — tudo agora questionado. Se as denúncias se confirmarem, o legado de uma década de prisões e delações pode ruir, junto com a confiança em um sistema que deveria ser imparcial.

