O italiano Carlo Bauducco desembarca no Brasil para cobrar uma dívida.
Não falava português. Não conhecia ninguém.
Mas algo chamou sua atenção:
São Paulo não tinha panetones.
Naquele Natal, Carlo procurou o doce para dar de presente — como fazia na Itália.
Não encontrou.
E aí veio o instinto que mudaria a história:
Se não existe… eu vou fazer.
Ele vende tudo na Itália, volta com a esposa e o filho Luigi
e abre uma pequena doceria no Brás: a Doceria Bauducco.
Carlo não era padeiro.
Então chamou um conterrâneo, Armando Popa, para criar a receita.
O começo foi duro:
farinhas ruins, massas que não cresciam, fornadas inteiras no lixo.
Mesmo assim, Carlo inovava.
Logo na inauguração, ele fez algo impensável para a época:
encher um avião de folhetos e jogar sobre São Paulo.
Resultado? Vendeu tudo em 3 dias.
Mas o grande desafio veio nos anos 60: os panetones mofavam.
Carlo volta à Itália, descobre a Massa Madre (fermentação natural milenar)
e traz um pedaço - de navio.
Essa mesma massa é alimentada diariamente até hoje.
Em 1962, a produção vira indústria.
A fábrica cresce.
A embalagem de papelão — criada para evitar que clientes “apalpassem” o produto — vira ícone.
Os panetones chegam aos supermercados.
Em 1979, começam as exportações para os EUA.
Nos anos 80, hiperinflação.
O panetone representava 90% do faturamento.
Era preciso diversificar.
Nasce a Colomba Pascal.
E depois, de uma ideia de Massimo, o sucesso absoluto: o Chocotone.
Em 1981, a fábrica de Guarulhos pega fogo.
Fim? Não.
A comunidade ajuda, e a Bauducco renasce ainda maior.
Em 1997, a família compra a concorrente Visconti.
Consolida 70% do mercado.
Expande linhas.
Cria a Casa Bauducco (hoje com 130 lojas).
A marca vira global:
70 mil pontos de venda nos EUA, fábrica em Miami, presença em 50 países.
Faturamento estimado: R$ 5 bilhões em 2022.
Tudo isso porque um homem veio ao Brasil para… cobrar uma dívida.
Oportunidades raramente chegam embrulhadas em ouro.
Às vezes, chegam como um problema.
Ou como um doce que não existe.
Visão é isso: enxergar futuro onde os outros veem falta.