De onde vêm os políticos ruins? De eleitores ruins, é claro
De onde vêm os políticos ruins? De eleitores ruins, é claro
Por Administrador
Publicado em 06/09/2025 11:33
Opinião
De onde vêm os políticos ruins? De eleitores ruins, é claro

Alceu A. Sperança

 

 A conversa entre os líderes chinês Xi Jinping e russo Vladimir Putin a respeito de prolongar a vida humana até os 150 anos é o assunto do ano. Cheios de enxaquecas, deve ser nisso que também Donald Trump, Lula e Bolsonaro devem estar pensando, já que o julgamento do ano é trivial: apenas um passa-moleque nos golpistas do futuro, para que não voltem a insistir em uma causa perdida.

Quando o engenheiro e médico Peter Diamandis esteve no Brasil, em agosto, ele deu o tom: "Estamos tão perto da velocidade de escape longitudinal que te imploro a lembrar: sua única responsabilidade agora é evitar morrer de algo estúpido".

Velocidade de Escape é o impulso que se dá a um corpo para lançá-lo ao espaço sem chance de retorno. Levá-la no sentido longitudinal significa evitar a morte por tempo indeterminado.

Por que Diamandis implora que a gente aguente o tranco e resista vivo mais um tempo? Porque a ciência está a um passo de prolongar tanto a vida humana que ela chegará a ser tão eterna quanto possível.

O que mais entristece os sobreviventes, como vimos intensamente nos tempos da Covid, é ver parentes, amigos e pessoas admiradas morrendo como moscas expostas ao inseticida.

Diamandis implora que a gente aguente as pontas até que ele, sendo médico, possa nos garantir que sua porção engenheiro descobriu truques tecnológicos milagrosos, que vão prolongar nossa vida para além de qualquer sonho de sobrevivência.

Viver mais permitirá perceber mais

Vivendo ao redor de 120, 150 anos será fácil compreender o quanto a política da polarização, essa briga violenta e insultuosa entre bolhas eleitorais, é uma grande besteira.

Agora mesmo, de onde você está, já tem acesso a recursos de informação comprovando que todos os políticos idolatrados no período de vida de seus pais e avós não passavam de enrolões.

Só haveria sucesso para quaisquer políticos do passado se a sociedade que eles entregaram fosse justa e os valores humanos tivessem vencido para sempre a roda louca que produz riqueza para poucos e a infelicidade para muitos.

Só que é impossível para quem trabalha acompanhar todo o noticiário e assim poder distinguir o que é verdade do que é propaganda enganosa.

Por isso as nulidades políticas financiadas pelo poder econômico são eleitas a cada dois anos sem que a sociedade melhore em seus fundamentos, dados pela Revolução Francesa: liberdade, igualdade e fraternidade, à qual acrescentamos privacidade, pois agora os drones, programas espiões e as escutas clandestinas tornaram a vida de todos livros abertos a quem queira invadi-la.

 "Só sei que nada sei"

Qualquer um pode saber tudo a respeito da gente, mas ao mesmo tempo sabemos muito pouco a respeito do que acontece em nós mesmos. Só alguns privilegiados podem dizer: "Agora vou acionar o Grande Microscópio do Universo e checar a quantas anda o meu estômago".

Ou passar os olhos no pâncreas, checar o maltratado fígado, destravar aquele neurônio mais rebelde. Não podemos, por isso vivemos no escuro sobre nós mesmos.

"Você não sente um câncer até o estágio três ou quatro", afirma Diamandis. "70% dos ataques cardíacos não têm sintomas, como falta de ar e dor. O primeiro sintoma é um ataque cardíaco e 50% dessas pessoas não sobrevivem. Portanto, precisamos deixar claro que, a menos que você olhe o que está acontecendo dentro do seu corpo, você não sabe o que está rolando".

O médico-engenheiro criou uma empresa, a Fountain Life, que digitaliza a pessoa. Coleta cerca de 200 gigabytes de dados, incluindo ressonância magnética de corpo inteiro, tomografia cardíaca com sobreposição de IA. Sequência o genoma completamente, olha para 140 biomarcadores sanguíneos, faz exame de retina de pele.

"Ou seja, coletamos tudo o que é detectável sobre você. Nosso objetivo é responder a duas perguntas: O que está acontecendo dentro de você que você precisa saber? E o que provavelmente acontecerá com você no futuro para que você possa prevenir e otimizar?"

Por aí se nota o quanto estamos longe de atender à orientação "conhece-te a ti mesmo", que alguns atribuem a Sócrates, como também lhe atribuem a mais exata "só sei que nada sei".

De onde vêm as "opiniões"?

A maior parte do que pensamos não são ideias, mas condicionamentos enfiados em nossas cabeças pelos mais antigos: pais, professores, religiosos. A maioria de nossas "opiniões" são derivadas dessas imposições.

Com a entrada da Inteligência Artificial em cena, as pessoas começam a perceber que foram manipuladas por ideias errôneas, do tipo "direita x esquerda". Consultas a chatbots chocam os conservadores, para os quais os subprodutos da IA são de "esquerda", quando no máximo expressam valores liberais, obviamente de "direita".

O emprego da IA nas condições brasileiras mostra claramente que a inadequada classificação "esquerda x direita" foi por água abaixo desde que o PT virou instrumento de banqueiros e grandes empresas (as campeãs do mundo) e o Partido Liberal passou a ser dominado por conservadores.

Sabotando a própria felicidade

Se neste momento a gente pesquisar como e porque tantos líderes políticos, reis, presidentes, ditadores, aiatolás e primeiros-ministros fazem tantas burradas será fácil encontrar a causa indo à origem de cada um.

Vai descobrir que eles foram escolhidos de alguma forma por pessoas cheias de certezas que se orgulham de seus deuses, diplomas, propriedades e famílias.

No Brasil encontrará uma coisa estranhíssima: o eleitor vota em partidos do Centrão (caso de 90% dos eleitores) e é contra o governo... controlado pelo Centrão, que domina as duas casas do Congresso.

Como tudo que o governo faz é avalizado pelo Centrão, o criador (eleitor) é contra a criatura (governo), um caso típico de se iludir grosseiramente, a ponto de sabotar a própria felicidade.

É culpa de quem presidentes eleitos serem tão estúpidos a ponto de cair presos? Culpa dos truques midiáticos derivados da propaganda que moldam nossa consciência para que ao votar em estrupícios a gente se prejudique deliberadamente, dando vitórias permanentes ao Centrão, seus partidos e donos.

A culpa por toda essa confusão é não entender que discursos eleitorais são apenas meios para convencer os mais manipuláveis a votar neles. Nunca são compromissos reais com a formação de um mundo realmente mais justo e feliz.

Os políticos ruins não caem do céu. São criados por eleitores ruins. (lustração: criada por Inteligência Artificial)

 

 

Alceu A. Sperança é escritor e jornalista - alceusperanca@ig.com.br

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