"Nem tudo que reluz é ouro", principalmente quando vem acompanhado de armadilhas financeiras. À primeira vista, pode parecer apenas mais uma ligação rotineira ou uma mensagem inocente no WhatsApp. Mas basta um clique desatento para que a dor de cabeça comece. Golpes envolvem tentativas diretas de enganar a vítima, como chamadas falsas ou mensagens com pedidos urgentes, enquanto fraudes tendem a ser mais elaboradas, utilizando documentos falsificados ou identidades manipuladas. Ambos os casos estão cada vez mais disfarçados de oportunidades irresistíveis ou situações emergenciais, exigindo atenção redobrada.
De acordo com o Relatório de Identidade e Fraude 2025, da Serasa Experian, mais da metade dos brasileiros (51%) foi vítima de algum tipo de fraude apenas no último ano. Desses, 54,2% sofreram perdas financeiras. Em 2024, foram registrados 11,5 milhões de casos, representando um crescimento de 9,4% em relação ao ano anterior.
Odinei Gresele, assessor de segurança da Sicredi Vanguarda PR/SJ/RJ, uma das maiores cooperativas que compõem o sistema Sicredi e é responsável pela marca nas regiões do Oeste do Paraná, Vale do Paraíba, Serra da Mantiqueira, Litoral Norte de São Paulo, parte do Alto Tietê e Sul Fluminense, no Rio de Janeiro, reforça a importância de adotar medidas preventivas, reconhecer sinais de golpes e evitar decisões por impulso.
"Infelizmente, hoje em dia muitos golpistas entram em contato com as pessoas com frequência. Apesar de nos comunicarmos com os associados, nunca pedimos que cliquem em links, compartilhem dados pessoais ou bancários, nem realizem pagamentos. Para ter certeza de que é realmente a sua instituição financeira entrando em contato, sempre verifique se o número é um canal oficial ou se as mensagens possuem selo de verificação", alerta.
A agilidade do Pix, embora útil, também tem sido explorada pelos criminosos para aplicar fraudes com mais facilidade. "É importante reforçar que o Pix não é o vilão, ele trouxe muitos benefícios para o dia a dia, mas também facilitou a atuação dos golpistas. Por isso, antes de fazer qualquer transferência ou pagamento, é fundamental confirmar se a situação é verdadeira e se o destinatário é, de fato, quem diz ser", orienta Gresele.
OS GOLPES MAIS COMUNS
Golpes atingem todas as idades, mas pessoas acima dos 50 anos seguem como principal alvo, já que 57,8% desse público relata ter sido vítimas em 2024. Entre os homens, 52,5% disseram ter sofrido algum golpe, número semelhante ao das mulheres, com 49,3%. Confira as situações mais comuns e visadas pelos golpistas:
- Falsa central de atendimento: o golpista se passa por atendente da instituição financeira e alerta sobre supostas fraudes no cartão ou invasão na conta. Após ganhar a confiança, induz a vítima a baixar aplicativos maliciosos, clicar em links ou fornecer dados pessoais.
- Golpe do WhatsApp: o criminoso finge ser um parente ou amigo com novo número e pede dinheiro alegando uma emergência.
- Links falsos: mensagens por SMS ou e-mail oferecem promoções, milhas ou alertas de pontos. Ao clicar, a vítima é direcionada a páginas falsas que roubam dados bancários.
- Falsa venda online: perfis e sites falsos anunciam promoções irresistíveis. A vítima paga, mas o produto nunca chega.
- Falso sequestro: o criminoso liga dizendo ter sequestrado um familiar e faz ameaças para extorquir dinheiro rapidamente.
COMO SE PROTEGER
Em tempos de golpes cada vez mais diversificados, proteger as informações pessoais e bancárias não é apenas recomendável, é indispensável. Afinal, basta um descuido para que seus dados caiam em mãos erradas. "Opte por utilizar senhas fortes e ativar a autenticação em dois fatores nos seus aplicativos e redes sociais. Também é importante ter cuidado com o que se compartilha no digital, pois informações da rotina podem ser usadas por pessoas mal intencionadas para aplicar golpes e fraudes. Manter os perfis em modo privado ajuda a proteger seus dados. E nunca anote informações bancárias em blocos de notas ou outros meios eletrônicos", recomenda Gresele.
Para não cair em golpes financeiros, desconfie de ofertas muito vantajosas, nunca compartilhe seus dados pessoais ou bancários por telefone ou mensagens. A principal dica é manter a calma e não agir por impulso. "Sempre pare, pense e desconfie de situações inesperadas, especialmente quando envolvem pedidos urgentes ou informações sensíveis", aconselha Odinei. Antes de tomar qualquer decisão, confirme se a situação é real. "Em caso de dúvida, entre em contato com sua instituição financeira pelos canais oficiais ou dirija-se até uma agência. A atenção aos detalhes pode fazer toda a diferença para proteger seu dinheiro". (Foto: Freepik)