PT faz 45 anos com Lula em baixa e novas regras que dificultam renovação
POLITICA
Publicado em 21/02/2025

Um evento nesta sexta (21) no Rio reúne as principais lideranças do PT para celebrar os 45 anos do partido. A festa acontece num momento em que o presidente Lula (PT) tem aprovação de apenas 24% da população e a legenda adotou uma regra que permite que parlamentares se candidatem mais de três vezes para o mesmo cargo.

 O que aconteceu Expectativa é que de que ao menos seis ministros compareçam à comemoração. Anielle Franco (Igualdade Racial), Esther Dweck (Gestão e Inovação), Luiz Marinho (Trabalho), Márcio Macêdo (Secretário-Geral do Governo), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar) são alguns dos nomes esperados.

Com presença confirmada, ministra da Saúde está ameaçada no cargo. Nos bastidores, comenta-se que Nísia Trindade deve ser substituída por Alexandre Padilha (hoje à frente da Secretaria de Relações Institucionais) por ser alvo de críticas e de pressão por parte do Centrão, interessado no controle da pasta.

 Principal rosto do partido, Lula tem sua menor aprovação na presidência. A fatia de eleitores que considera ótimo ou bom o governo de Lula era de 35% em dezembro e, até o começo de fevereiro, havia caído 11 pontos percentuais. Contribuíram para isso polêmicas como a que envolveu mudanças no Pix, explorada pela oposição.

Chegada de Lula ao Rio deve acontecer só pela noite. Na quinta (20), o presidente foi a São Paulo para exames de rotina no hospital Sírio-Libanês. Na manhã de sábado (22), está previsto um ato em comemoração aos 45 anos do Partido dos Trabalhadores com a presença do presidente, parabéns e bolo simbólico.

"Temos um problema sério de formação política", disse Lula em dezembro. Durante seminário do PT, o presidente pediu que os militantes voltassem à base e leu o manifesto de criação do partido, de 1980. Em uma reunião ministerial em março de 2024, ele pediu a ajuda de ministros na divulgação das entregas feitas. 

"O PT enfrenta um dilema gigante, que é não ter gerado um produto político à altura do Lula", diz especialista. Para o cientista político José Veríssimo, o partido tem, por outro lado, uma vantagem em relação a outros: sua base popular, que ainda garante a simpatia daqueles que não se identificam com a direita.

O enraizamento social faz com que o PT se mantenha combativo, diferentemente do que aconteceu com o PSDB. Apesar disso, existe uma dificuldade da legenda de emplacar novas bandeiras por conta de fenômenos como as mudanças no trabalho, por exemplo -- exploradas pela direita por meio de temas como empreendedorismo.

José Veríssimo, professor do programa de pós-graduação da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo

Estatuto do partido foi alterado esta semana

Mudança no documento dificulta renovação do partido. Aprovada no último dia 17, a alteração permite que deputados eleitos por três vezes e senadores com dois mandatos consecutivos sejam candidatos — algo.

impossível anteriormente. A modificação foi aprovada com 60 votos a favor, 27 contra e cinco abstenções.

Eleições diretas para presidência do partido foram mantidas. Internamente, uma ala defendia que a escolha se desse por meio de congresso. Prefeito de Araraquara, Edinho Silva é apontado como o favorito de Lula para ocupar a vaga — embora enfrente resistências. A eleição está marcada para 6 de julho.

Seis senadores e 34 deputados federais devem comparecer. Na lista, constam nomes de peso — como Jaques Wagner (ministro da Casa Civil no governo Dilma), Arlindo Chinaglia (presidente da Câmara dos Deputados entre 2007 e 2009), Benedita da Silva (ex-governadora do Rio) e Paulo Pimenta (exchefe da Secom).

 Representantes de correntes antagônicas também devem se encontrar. É o caso da atual presidente Gleisi Hoffmann e de Jilmar Tatto, deputado federal por São Paulo e crítico dos rumos adotados hoje pelo partido. Apontado como possível sucessor de Gleisi, o deputado José Guimarães é outro líder esperado no evento.

Tenho certeza de que há no PT uma preocupação em relação à formação de novos quadros. Até porque a direita tem vivido um momento prolífico nesse sentido, com Nikolas Ferreira e outros nomes. E mesmo na esquerda, o PSOL tem conseguido emplacar Erika Hilton e outras lideranças associados a questões de raça e gênero.

 José Veríssimo, professor do programa de pós-graduação da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo

Papel de diferentes áreas do partido, COP30 e experiências internacionais da esquerda devem ser debatidas ao longo do encontro. Além de lideranças petistas, especialistas do Brasil e do exterior devem participar dos debates, que dividem espaço na programação com rodas de samba e outras atividades culturais.

 

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