A insatisfação de deputados do PT com o pacote de corte de gastos do próprio governo é o prenúncio de “traições” dentro da própria base. Pelo menos dez deputados já articulam fazer coro à oposição e votar contra as medidas do Palácio do Planalto.
Deputados petistas ouvidos pelo site IstoÉ criticaram o pacote de cortes e afirmam que mudanças precisam ser feitas para garantir o apoio integral da base do governo. Um dos pontos de destaque é o Benefício de Prestação Continuada (BPC), programa que atende, em grande parte, eleitores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Na proposta enviada pelo Ministério da Fazenda, o BPC passaria por reformulações para reduzir o número de beneficiários. O principal ponto de discórdia está na possibilidade de pagamento único para dois beneficiários que residem na mesma casa. Enquanto o governo defende a unificação, o PT quer manter os valores individuais para cada beneficiário.
Outro fator que causa desconforto é a limitação para o reajuste do salário mínimo. Embora o governo mantenha o aumento real, ele propõe atrelar o reajuste ao arcabouço fiscal, limitando o avanço a até 2,5%. O PT, por sua vez, quer eliminar essa restrição e garantir um reajuste baseado no Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), somado ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) dos últimos dois anos.
Um deputado petista afirmou ao site IstoÉ que o pacote é “frouxo” e penaliza justamente quem o governo não deveria atingir: seus próprios eleitores. Ele acredita que o Planalto está ignorando a estratégia necessária para reeleger Lula em 2026. Segundo ele, a aprovação de propostas que alteram programas sociais pode impactar significativamente o desempenho do petista, especialmente no Nordeste, seu principal reduto eleitoral.