Corretor de grãos suspeito de golpes milionários em produtores diz em áudio que ia 'passar a perna
Policial
Publicado em 09/12/2024

Vinicius Mello e a esposa Camila Melo são suspeitos no crime e estão foragidos. Eles são suspeitos de estelionato, organização criminosa, lavagem de dinheiro e sonegação fiscal.

O corretor de grãos Vinicius Mello suspeito de aplicar  golpes milionários em produtores rurais disse em um áudio que ia 'passar a perna'. Ele e a esposa Camila Melo, também suspeita no crime, estão foragidos   e a suspeita é que eles tenham fugido para os Estados Unidos.

“Eu vou passar a perna nele, depois você paga aí. Não mandei você garantir”, disse o suspeito.

O áudio do corretor de grãos foi divulgado pela polícia, mas não há explicação de qual negociação ele se refere. O g1 entrou em contato com a Polícia Civil, mas não teve retorno até a última atualização desta reportagem.

Ao g1, a defesa do casal disse que Vinicius e a família dele trabalham há mais de 10 anos no ramo e que nunca tinham tido problemas, mas que há seis meses uma “questão econômica” fez com que eles tivessem problemas para “honrar com os compromissos”. A defesa diz que existem acordos para pagamento de débitos de credores que “estão sendo feitos e que vêm sendo pagos”.

A ação policial apreendeu quase 470 veículos, aeronaves e pediu o bloqueio de R$ 19 bilhões. Segundo a Polícia Civil, eles usam do dinheiro obtido com o crime para ostentar e manter uma vida de luxo  Em fotos publicadas nas redes sociais há alguns anos, o casal aparece em viajando para outros países junto com os filhos pequenos.

Vinicius e Camila são suspeitos de estelionato, organização criminosa, lavagem de dinheiro e sonegação fiscal. Os nomes foram incluídos na lista de procurados da Interpol. Por eles estarem foragidos, a Polícia Civil de Goiás divulgou o nome e a foto dos dois.

Vítimas

Segundo a Polícia Civil, até agora 13 vítimas registraram boletim de ocorrência contra Vinícius de Mello, mas a quantidade de produtores rurais que caíram no golpe é muito maior.

“A gente está falando de pessoas muito inocentes que confiavam nele e nem se fazia um contrato ou tinha um documento”, disse o delegado Danilo Fabiano.

Segundo a polícia, VINÍCIUS de Mello se mudou para Rio Verde na década de 1990 e comprava soja, milho e algodão dos produtores rurais para revender no mercado.

“Todos os nossos contratos que ele intermediou não teve nenhum problema, nem financeiro, nem de prazo de entregas, então era perfeito”, contou Euclides, produtor rural.  

“Ele atua no mercado já de compra e venda com o corretor há alguns anos. E ele era uma pessoa, até então, de confiança dos produtores rurais. Esse foi um dos motivos que fez com que o prejuízo às vítimas fosse tão grande”, disse o delegado Márcio Marques.

Os irmãos Carlos e Paulo Ricardo confiaram em Vinícius e fecharam um negócio em março com pagamento em 90 dias. “Acho que tinha uns oito anos que ele estava negociando com o pessoal e sempre deu certo. Quando a gente foi negociar, aconteceu o que aconteceu”, disse Carlos Freitas de Paula Filho, produtor rural.

“O sentimento é desespero, porque a gente contava com esse dinheiro, com esse valor para cumprir nossos compromissos futuros”, disse Paulo Ricardo Sousa Freitas, produtor rural.

Camila Rosa Melo e Vinicius Martini de Mello são casados e procurados pela Polícia Civil de Goiás — Foto: Reprodução/Redes Sociais

Camila Rosa Melo e Vinicius Martini de Mello são casados e procurados pela Polícia Civil de Goiás — Foto: Reprodução/Redes Sociais

Em junho deste ano, Vinícius enviou um e-mail para os produtores justificando a falta. "Devido a algumas ameaças recebidas, o ambiente não é seguro para minha família. Portanto preservando a nossa integridade física, resolvi não retornar à cidade", disse.

A Polícia Civil considera que esse é o maior golpe já aplicado contra o agronegócio no Brasil. Os investigadores descobriram que Vinícius não agiu sozinho e tinha uma complexa rede de empresas criadas com a finalidade de sonegar impostos e lavar dinheiro.

No último dia 29 de novembro, quatro pessoas foram presas suspeitas de pertencerem à organização criminosa.

Conforme a polícia, após receber as produções, ele não pagava ou pagava menos que o valor negociado com os produtores e também não entregavam toda a carga para os clientes. Em seguida, vendiam os produtos e transferiam os valores para empresas-fantasmas, em nomes de laranjas, para ocultar e lavar o dinheiro.

“São chamadas de empresas noteiras. São empresas que servem apenas para emissão do documento fiscal, das notas fiscais, e não havia o recolhimento dos tributos devidos”, disse o delegado Márcio Marques.

Camila Rosa Melo e Vinicius Martini de Mello são casados e são procurados pela Polícia Civil de Goiás — Foto: Divulgação/Polícia Civil

Camila Rosa Melo e Vinicius Martini de Mello são casados e são procurados pela Polícia Civil de Goiás — Foto: Divulgação/Polícia Civil

 

 
Comentários

Chat Online