A capital do Oeste, a rica e próspera cidade de Cascavel, com quase 350 mil habitantes, tem o pior PIB (Produto Interno Bruto) per capita, por habitante, entre todas as oito maiores cidades da região oeste do paraná e que fazem a economia regional girar. O levantamento oficial é do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) realizado em parceria com os órgãos estaduais de estatística, secretarias estaduais e de governo.
Com ano base no levantamento em 2021, mas que serve de referência para 2024, o PIB por habitante em Cascavel foi de apenas R$ 46.976,49.
Na vizinha Toledo que tem 150 mil habitantes, este índice salta para R$ 51.745,73. Se viajar alguns quilômetr5os a mais, até o município de Marechal Cândido Rondon, o indicador na cidade de 56 mil moradores chega a R$ 54.115,26.
Se a viagem for um pouco mais longa, 125 quilômetros desde Cascavel, mais precisamente, até Foz do Iguaçu a discrepância é ainda maior. O município com 285 mil habitantes possui um PIB per capita de R$ 73.534,49, quase o dobro do registrado em Cascavel.
Mas o comparativo não para por aí. Em Palotina, cidade com apenas 35 mil habitantes, o PIB salta para R$ 86.939,78 e em Cafelândia, com 19 mil habitantes está um dos maiores PIBs per capita do Paraná e com destaque nacional, com R$ 103.778,69. Em termos comparativos, Cafelândia tem um indicador 121% maior que Cascavel.
Cascavel também fica atrás de Medianeira, que tem 54 mil moradores e PIB per capita de R$ 52.026,64 e de Matelândia com 18 mil moradores e PIB per capita de R$ 60.024,71.
PIB per capita Cascavel, segundo o IBGE
Mas afinal de contas, o que representa um PIB per capital?
O IBGE explica que o PIB Per capita representa o resultado da divisão do Produto Interno Bruto de um local pelo número de habitantes de cada cidade geradora daquela riqueza. “Indica a contribuição média de cada habitante para a formação do produto interno bruto, ou, reciprocamente, a participação média de cada habitante na sua absorção”.
O PIB, no entanto, é a soma de todos os bens e serviços finais produzidos desde o país, os estados ou cada um dos municípios geralmente avaliado no período de um ano. “Todos os países calculam o seu PIB nas suas respectivas moedas. O PIB do Brasil em 2023, por exemplo, foi de R$ 10,9 trilhões”, avaliou o IBGE.
O Paraná registrou no ano passado um PIB de quase R$ 550 bilhões, atrás apenas de Minas Gerais R$ 857 bilhões; Rio de Janeiro R$ 949 bi e São Paulo, R$ 2,719 trilhões.
O reflexo do PIB per capita à população
Para a cientista política Regina Veigas alguns aspectos precisam ser considerados e alertas precisam ser feitos. “Podemos analisar que em cidades com um maior índice de industrialização, principalmente a indústria da transformação, há uma avaliação de PIB per capita maior. São casos de cidades como Cafelândia, Palotina, Medianeira que possuem grandes indústrias e populações menores.
No mesmo exemplo vem Foz do Iguaçu pela movimentação do turismo e de Itaipu. Ter um PIB elevado não significa que haja distribuição de renda, por outro lado, ter um PIB per capita inferior indica que há uma participação menor da população nesta contribuição de geração de riquezas e consequentemente, pode haver uma pior distribuição, em alguns níveis ressaltando a pobreza”, alertou.
A cientista lembra que outros indicadores colocam Cascavel como uma cidade que, apesar de rica, tem se tornado desigual. “Basta ver a quantidade de pessoas em condição de rua e de famílias inteiras pedindo nos semáforos, nas portas dos supermercados. Isso tem se potencializado nos últimos anos e por diversos fatores”, esclareceu.
“Ter um PIB per capita inferior indica que há uma participação menor da população nesta contribuição de geração de riquezas e consequentemente, pode haver uma pior distribuição”
Cascavel cresce em população enquanto outras cidades diminuem, avalia economista
Para o economista Rui São Pedro, pontos essenciais precisam ser analisados da ótica meramente econômica. Para o economista, cidades que tiveram PIBs per capita maiores vem registrado, apesar de bem industrializados, uma queda no número de moradores. “São municípios com menos possibilidade de trabalho, apesar das indústrias [mas nem todos querem trabalhar em indústrias], educação, saúde, as pessoas acabam se mudando e isso reflete no PIB per capita porque a riqueza gerada no local se mantém ali enquanto a divisão acaba sendo por um número menor de pessoas”, analisa.
Por outro lado, o economista considera que Cascavel tem sofrido um inchaço populacional, sobretudo por se tornar uma cidade polo regional e receber população dos municípios menores. “E a atividade industrial não cresce no mesmo volume que a população, em poucos anos Cascavel terá 500 mil, em algumas décadas quem sabe um milhão de habitantes e isso, mais uma vez, interfere no PIB per capital se não tiver um avanço na produção econômica neste mesmo ritmo”, pondera.
Procurado, o Município de Cascavel disse que tem diversas ações para promover o emprego, pois entende que é com estas ações, aliadas a outras de capacitação (cursos, treinamentos, etc.) que se promove a melhoria destes índices. “Entre os exemplos estão os taxistas, o Polo Textil, o Bike Legal, o Barracão Produtivo e outros programas realizados com o Sesi, o Senac e outros parceiros”, reforçou.