Apagão da Copel e queda de luz em Foz do Iguaçu
SEM LUZ
Publicado em 25/03/2024

O temporal desta semana em Foz do Iguaçu evidenciou, uma vez mais, o tamanho do problema envolvendo os serviços da Companhia Paranaense de Energia (Copel). Danos à rede deixaram consumidores sem luz por mais de 24 horas, como nas regiões do Portal da Foz e Vila Yolanda, para recorrer a dois opostos geográficos da cidade.

O colapso, em que moradores são submetidos a transtornos prolongados e a prejuízos, porém, não é questionamento restrito a episódios de inclemência do tempo. Ganharam escala e habitualidade as críticas à qualidade do fornecimento da luz que chega a residências, empresas e instituições, e às condições da companhia, com respostas operacionais morosas. 

 

 

Frequentes, as interrupções do fornecimento de eletricidade, em muitas vezes, têm local e horário marcados para acontecer. 

As quedas alteram a rotina das pessoas, afetam as atividades laborais e pesam no bolso do cidadão quando alimentos e produtos estragam ou aparelhos eletrodomésticos e eletrônicos são danificados.

H2FOZ foi ao tema. Condições climáticas que combinam calor excessivo e temporais, aumento do consumo e uma infraestrutura de distribuição de energia elétrica inadequada para a demanda são fatores que levam às constantes quedas de luz. E, insuficientes ou ineficientes, os transformadores elétricos não suportam a carga. A energia cai. E volta a cair.

Como se chegou a isso? Entidades de profissionais que atuam no setor, como engenheiros e eletricitários, dão nome: privatização. O Governo do Paraná vendeu ações da Copel na Bolsa de Valores, em agosto de 2023, reduzindo sua cota de 31% para 15%, em um modelo que chamou de “capital disperso”, sem acionista controlador.

 

Representantes de classe dos técnicos afirmam que os efeitos de agora refletem medidas adotadas nos últimos anos, em que a Copel passou por um “enxugamento” para apresentar indicadores mais atraentes ao capital privado. Inclui redução dos empregados à metade e contratos com terceirizadas de condição técnica muitas vezes aquém da necessidade.

A companhia nega a relação entre as interrupções e a qualidade do serviço com a privatização. A pouco, anunciou um plano de investimentos de R$ 2,1 bilhões em distribuição de energia em 2024, prometendo construir mais subestações e linhas de distribuição, bem como ampliar e modernizar a infraestrutura em todo o estado.

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), reguladora e fiscalizadora do serviço, acaba de divulgar ranking de avaliação das distribuidoras de energia no país. A Copel ficou na 25.ª posição em uma lista de 29 empresas, avaliadas com base no tempo médio em que cada unidade consumidora ficou sem energia e no número de interrupções ocorridas.

 

A frequência das quedas de energia em Foz do Iguaçu aumentou a partir de setembro, atravessando o verão inteiro. Moradores que cobram informações sobre esse serviço essencial, via de regra, recebem respostas padronizadas. O apagão da Copel, pois, não fica só na falta de luz, mas abrange a transparência e o dever da empresa de prestar contas à sociedade.

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