Extrema pobreza
Opinião
Publicado em 02/03/2024

Por J. J. Duran

 Somente na nossa Cascavel, pérola do Paraná, Estado pujante do Brasil do grande feudo travestido de República, há quase 17 mil pessoas classificadas na condição de extrema pobreza.

Isso não é culpa do trabalho social realizado pela gente da Prefeitura, que procura com zelo contornar essa chaga social que fere nossos corações.

A culpa é de todos que só veem a riqueza imensa da terra abençoada pelo bom Judeu, fruto do trabalho que muitos realizam com grande esforço.

O Brasil está reclamando por uma reforma do contrato social, que precisa ser alinhado ao espírito da época atual e romper barreiras do obscurantismo e do imobilismo social.

A história de nosso atormentado e espoliado continente revela que a democracia, quando divorciada da verdadeira justiça social, não resolve nenhum problema, apenas adia e torna ainda mais catastróficos os conflitos existentes.

A implementação de uma política social autêntica, de esforços retribuídos com benefícios que deem ao povo acesso ao poder econômico e aos benefícios desse poder, será o fim das disputas longas e dolorosas entre a massa socialmente desvalida e a classe dominante, que muitas vezes pulula silenciosa e orgulhosa em todos os níveis do poder republicano.

A camada que se situa no topo da nossa pirâmide social, cercada de toda proteção do Estado, deve se convencer de que seu apego aos privilégios no processo de profunda transformação pelo qual passa o mundo a coloca em repetidos e infrutíferos conflitos que levam a enfrentamentos sangrentos entre irmãos.

Robert Mac Namara, insuspeito pela sua clarividente fidelidade à filosofia do mundo capitalista, advertiu com a força de sua penetrante lucidez: "Quando as pessoas altamente privilegiadas passam a ser poucas e as extremamente pobres muitas, quando as diferenças entre as primeiras e as outras tendem a aumentar, a necessidade de uma opção definitiva entre o custo político da reforma e o risco político da insatisfação social, econômica e cultural é apenas uma questão de tempo". (Foto: Reprodução)

 

J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná

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