Quanto ganham os mais ricos do agro em cada estado?
AGRO
Publicado em 12/02/2024

Os produtores mais ricos do agronegócio brasileiro faturam ao menos R$ 2,1 milhões em média por mês, segundo artigo publicado no Observatório de Política Fiscal da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Elaborado pelo especialista Sérgio Gobetti, o estudo “Concentração de renda no topo: novas revelações pelos dados do IRPF” mostra aumento médio da renda de elite em 96% contra 33% da população em geral no período entre 2017 e 2022.

Além disso, ele aponta que a concentração subiu ainda mais nos estados em que a economia é fundamentada no agronegócio. No caso do Mato Grosso do Sul, por exemplo, o 0,01% mais rico (221 pessoas) teve uma alta nominal na renda de 204% (ou 131% em valores reais).

Depois do Mato Grosso do Sul, as maiores taxas médias de expansão na renda do 0,01% mais rico foram verificadas em Amazonas (122% acima da inflação), Mato Grosso (115%) e Rondônia (106%).

Segundo o autor, o fato dessas taxas serem maiores nos estados em geral dominados pelo agronegócio não é mera coincidência. “Verificou-se no período analisado (2017-2022) um crescimento extraordinariamente alto da renda da atividade rural, principalmente nos estratos mais ricos”, diz.

Os agropecuaristas muito ricos, inclusive, fomentam “bolhas de riqueza” no interior do Brasil. Em tais regiões, a compra de mansões, carros de luxo, jatinhos e joias caras está cada vez mais frequente.

Se a elite rural está no grupo mais rico segundo o próprio autor, é possível extrair do estudo um quadro sobre a renda mensal dos agropecuaristas mais abastados do Brasil por estado.

Onde estão e quanto ganham os produtores rurais mais ricos do Brasil?

 

  • 1- Mato Grosso – R$ 2,7 milhões por mês
  • 2- Goiás – R$ 1,9 milhão por mês
  • 3- Mato Grosso do Sul – 1,9 milhão por mês
  • 4- Rondônia – R$ 1,2 milhão por mês
  • 5- Tocantins – 1 milhão por mês
  • 6- Roraima – R$ 906 mil por mês
  • Impacto do agro no IDH

    Quando se fala de desenvolvimento social e humano, é interessante olhar para o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), que leva em conta a renda, educação e saúde.

    Comparando-se o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da FAO de 1990 com 2010 em algumas regiões brasileiras pode-se ter uma ideia de como o desenvolvimento agropecuário melhora a vida das pessoas.

    Nos estados com agricultura mais tradicional como São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul, o IDH passou, em média, de 0,542 para 0,782, com um crescimento de 44,2 % nos últimos 31 anos.

    Em estados que sofreram uma segunda onda de crescimento agropecuário, como Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul, o IDH passou, em média, de 0,484 para 0,751, com crescimento de 55,1% no período. O mesmo processo agora se repete em regiões da Bahia, Tocantins e Piaui

    Enquanto isso o Brasil teve o IDH com alta de 0,490 para 0,754 desde 1990, crescendo 53,8%, também favorecido pelo agronegócio.

    Considerando-se 38 municípios com grande influência agrícola no Brasil, 15 deles tinham IDH muito baixo em 1990, e não havia municípios agrícolas com IDH alto ou muito alto.

     

    Em 2010 não havia mais, entre estes municípios, IDH muito baixo, 29 deles tinham IDH alto e três mostravam IDH muito alto. Fica assim patente o grande impacto do desenvolvimento agropecuário na sociedade como um todo.

    Concentração de renda

    O autor do estudo da FGV, no entanto, também destacou o crescimento da renda dos muito ricos a um ritmo duas a três vezes maior do que a média registrada por 95% dos brasileiros.

    “Ao que tudo indica, o nível de concentração de renda no topo da pirâmide alcançou um novo recorde histórico, depois de uma década de relativa estabilidade da desigualdade”, disse.

     

     

    A tabela acima compara a renda média em 2017 e 2022 de quatro estratos sociais: o milésimo (0,1%) mais rico, o 1% mais rico, os 5% mais ricos e os 95% restantes da população adulta (com 18 anos ou mais de idade).

    Segundo o Gobetti, além dos mais ricos terem, em média, maior crescimento de renda do que a base da pirâmide, a performance é tanto maior quanto maior é o nível de riqueza.

    Como resultado disso, a proporção do bolo apropriada pelos 1% mais rico da sociedade brasileira cresceu de 20,4% para 23,7%% entre 2017 e 2022.

    Mais de quatro quintos dessa concentração adicional de renda foi absorvida pelo milésimo mais rico, constituído por 153 mil adultos com renda média mensal de R$ 441 mil em 2022.

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