O mercado de trabalho brasileiro vem dando sinais de arrefecimento do etarismo, ou seja, a discriminação contra pessoas com base em sua faixa etária.
Um estudo da Adecco RPO& Pontoon, multinacional de RH, mostra que, segundo levantamento do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), a partir de dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), o número de trabalhadores acima de 50 anos dobrou no país entre os anos de 2006 e 2021, indo de 4,4 milhões para 9,6 milhões de pessoas. Se, em 2006, os trabalhadores 50+ ocupavam apenas 12,6% das vagas de emprego, em 2021, esse percentual subiu para 19,1%.
Bianca Machado, diretora de Talent Solutions da Adecco RPO & Pontoon, explica que julgar a capacidade de desempenhar uma função ou atividade, duvidar da produtividade de um indivíduo ou até mesmo excluí-lo da convivência entre colaboradores em razão da idade são atitudes típicas do etarismo no mundo corporativo.
A própria Addeco é um exemplo de uma tendência de mudança. Na empresa, a progressão na contratação de profissionais com mais de 50 anos também vem ocorrendo – entre janeiro e julho deste ano, índice alcançou o percentual de 62% a mais que no mesmo período em 2022.
Diversidade deve ser a tônica das contratações
“A diversidade é a tônica atual na maior parte das empresas. Muitas têm promovido políticas de inclusão já nos processos de recrutamento e seleção. De qualquer forma, na Adecco, sempre orientamos que essa política deva ir além da contratação. É necessário garantir que esses profissionais tenham as mesmas oportunidades de crescimento e aprendizado que os demais colaboradores”, reforça Bianca Machado.
Mas, muitos dados mostram que o preconceito é ainda muito comum. Os idosos correspondem a quase 15% da população brasileira atual e a estimativa de longevidade só vem aumentando nos últimos anos. Segundo relatório do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2019, a expectativa de vida no país era de 76,6 anos.
De acordo com o IBGE, a taxa de desemprego para a população a partir de 40 anos ficou em 9,5%, no primeiro trimestre de 2023. Contudo, a Adecco acredita que é um cenário que tende a mudar, uma vez que a projeção é de que mais da metade da força de trabalho no país seja formada por pessoas com mais de 45 anos até 2040, de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), órgão de pesquisas ligado ao Governo Federal.