Há um bom tempo fábricas tradicionalmente conhecidas por suas motos de alta cilindrada fazem o movimento no sentido do segmento de baixa cilindrada buscando levar a tradição e qualidade de seus produtos premium para novos mercados e um universo de motociclistas que em sua maioria talvez não poderiam ter as tradicionais motos de alta cilindrada dessas marcas.
Benelli, BMW, Harley-Davidson, Husvarna, KTM e Triumph seguiram esse caminho e hoje já desenvolveram junto a diferentes grandes fabricantes chinesas e indianas como QJMotors, Bajaj, Hero e TVS, modelos de cilindrada que até então eles não haviam produzido.
Na contra-mão
Movimentos no sentido contrário também acontecem, como por exemplo o da chinesa Qianjiang Motorcycle Company, que comprou a marca italiana Benelli há alguns anos e também vem desenvolvendo motos de baixa cilindrada.
Aproveitando a escala e tecnologia de produção
Essas marcas de motos de baixa cilindrada têm investido muito em tecnologia nos últimos anos e suas enormes fábricas serviam exclusivamente às suas pequenas motos, que foram se sofisticando e ganhando componentes de última geração. Os investimentos também aumentaram suas capacidades produtivas.
Esse movimento abriu o olho de grandes players como BMW e o grupo Pierer Mobility AG (detentor das marcas KTM, Husqvarna e GasGas). A gigante alemã iniciou uma parceria com a indiana TVS para a produção das pequenas G 310 R e G 310 GS, enquanto o conglomerado austríaco comprou parte da indiana Bajaj, com o mesmo intuito, desenvolver e produzir suas motos de baixa cilindrada, que hoje são produzidas na Índia – a família KTM Duke 125, Duke 200, Duke 390 e 390 Adventure, além das Husqvarna Savrtpilen.
Mais recentemente a, Harley-Davidson se uniu à Hero MotoCorp, também indiana, para produzir suas motos de baixa cilindrada, sendo que a primeira a sair do forno foi a X440. Os americanos também possuem parceria com os chineses da QJMotor, e apresentaram ano passado na nova potência global as X350 e X500, duas de suas motos mais baratas no mundo todo.
O que todas as fábricas têm em comum
O aspecto mais interessante desse movimento todo é que há muita sinergia e interesses em comum. Primeiro a possibilidade de intercâmbio de tecnologias, já que as grandes fábricas que produzem motos de alta cilindrada exigem seu nível de qualidade e durabilidade nas motos que serão produzidas nas plantas estrangeiras de outras marcas.
Por sua vez, as fábricas (indianas e chinesas), produtoras das motos, ganham know-how para aplicar todo esse aprendizado em suas motos, além da possibilidade de utilizar boa parte desses projetos.
Todas as fábricas acabam partindo para novos mercados onde ainda não atuam, ou têm pequena presença por conta do line up premium, em busca de novos clientes, que até então não tinham a possibilidade de ter motos dessas marcas.
Exemplos não faltam
Temos bons exemplos de motos que “puxaram” parte da engenharia de seus parceiros para novos modelos que levam suas marcas.
A Bajaj, por exemplo, utiliza boa parte da tecnologia das KTM 200 e 390 Duke em suas Dominar 200 e Dominar 400, onde motor, chassi e suspensões tem mais similaridades que diferenças.
O site indiano GaadiWaadi, mostrou ontem as primeiras fotos da Hero Mavrick 440, a mais recente das irmãs desse movimento, neste caso criada sobre a Harley-Davidson X440.
Essa tendência das fábricas não só beneficia as marcas que incrementam a tecnologia de seus produtos, como podem expandir seus negócios além das fronteiras que já estão presentes, e assim seduzir novos motociclistas.
Mas o maior ganho fica para os motociclistas que ganham novas opções de motocicletas nas mais diferentes regiões do mundo. O contraponto é que nem todos os países recebem todas as novidades desenvolvidas nesse processo entre as fábricas de motos.
Comente aí, qual moto você conheceu na net e gostaria de ver aqui no Brasil.
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