Temperaturas mais quentes fazem com que as uvas amadureçam mais rápido, resultando em mais açúcar na uva — Foto: Divulgação
Está ficando monotemático. Mas não há como fugir. As irregularidades no clima também já afetam a produção de vinho mundo afora. E aqui não é diferente. A falta de previsibilidade desafia produtores de vinhos e dificulta a manutenção da vitivinicultura como a conhecemos hoje. Segundo especialistas, o aumento global da temperatura poderá ser sentido no paladar, e minimizar esse impacto é o desafio dos produtores.
Temperaturas mais quentes fazem com que as uvas amadureçam mais rápido, resultando em mais açúcar na uva. Isso afeta o teor alcoólico, o nível de acidez e a cor do vinho”, explica Henrique Pessoa dos Santos, pesquisador de fisiologia da produção da Embrapa Uva e Vinho, de Bento Gonçalves (RS).
A palavra-chave, diante desse cenário, é adaptação. “Produtores de vinho dos quatro cantos do mundo já pesquisam novos tipos de uva, diferentes janelas de colheita e alteração das regiões de plantio para preservar as características únicas que diferenciam as bebidas entre si”, afirma Santos.
Vinhedos dependem de climas regionais específicos para produzir seus perfis de sabor característicos e, por isso, alguns tipos não conseguirão permanecer em sua região de origem. Vinhos ‘tranquilos’, por exemplo, dependem do clima mediterrâneo (caracterizado por verões quentes e secos e invernos suaves e úmidos), enquanto espumantes podem ser favorecidos com as mudanças atuais, de acordo com o especialista.
Não é apenas o aumento da temperatura que afeta a produção das uvas viníferas. Padrões climáticos voláteis incluem mudança na incidência de geadas e chuvas. Até mesmo dias nublados impactam a produção.
ensolarados, com noites frescas e solo seco. Esse clima é apontado por pesquisadores como fundamental para a qualidade dos vinhos produzidos no interior.
“A primeira colheita acontece em janeiro, com muita chuva e muito sol. As uvas dessa safra são destinadas à produção de vinhos brancos e espumantes. Na sequência, é realizada uma poda grande na videira. Em meados de fevereiro, a planta entra em hibernação, período em que tenta se adaptar às mudanças. O próximo passo é a floração, maturação e segunda colheita, que acontece em julho e agosto”, explica.
SICREDI