Com vendas de US$ 4,6 bilhões, as exportações do agronegócio do Rio Grande do Sul registraram alta de 0,1% no terceiro trimestre de 2023 na comparação com o mesmo período do ano anterior. O aumento em valor das vendas externas gaúchas no período ocorre em meio a um cenário de queda nos preços médios dos principais produtos do Estado. As vendas do complexo soja registraram crescimento de 3,5% (total de US$ 2,2 bilhões), enquanto o segmento de fumo e seus produtos obteve o maior avanço no trimestre (total de US$ 723,77 milhões; +38,7%).
Os dados são do boletim Indicadores do Agronegócio do RS, divulgado nesta terça-feira (14/11) pelo Departamento de Economia e Estatística, vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (DEE/SPGG). Conforme o documento, a maior disponibilidade da soja em grão, fruto do aumento de 35,8% na safra de 2023 em relação à anterior, manteve o desempenho positivo mesmo com a queda de 18,4% nos preços médios da oleaginosa exportada pelo Estado. Elaborado pelos pesquisadores Sérgio Leusin Júnior e Flávia Félix, o material traz informações sobre as exportações no terceiro trimestre e do acumulado do ano e do emprego formal no campo.
“Apesar de a produção gaúcha ter aumentado em relação à safra anterior, os movimentos nos preços internacionais seguiram na direção oposta, restringindo o potencial de crescimento proporcionado pelo aumento na disponibilidade de matéria-prima para exportação”, ressalta o pesquisador.
Altas também foram registradas nos segmentos de máquinas e implementos agrícolas (total de US$ 131,24 milhões; +12,2%) e cereais, farinhas e preparações (total de US$ 236,52 milhões; +2,4%). Na outra ponta, os setores de produtos florestais (total de US$ 267,42 milhões; -41,6%), carnes (total de US$ 653,70 milhões; -12,9%) e couros e peleteria (total de US$ 77,82 milhões; – 13,6%) tiveram redução em valor nas exportações do período.
As exportações do agronegócio no terceiro trimestre de 2023 representaram 74,1% do total das vendas externas do Estado no período.
Terceiro trimestre
No setor de fumo e seus produtos, a alta nas vendas foi puxada pelo desempenho do fumo não manufaturado (total de US$ 663,44 milhões; + 41,4%). Nos produtos florestais, a redução em valor nas exportações de celulose (total de US$ 179,09 milhões; -43,8%) foi determinante para o resultado. No setor de carnes, a maior redução ocorreu na carne bovina (total de US$ 65,24 milhões; -49,6%), enquanto na carne suína (total de US$ 174,45 milhões; -3,5%) e na carne de frango (total de US$ 367,21 milhões; -6,3%) as quedas foram mais brandas.
A China manteve a primeira posição entre os principais destinos das exportações do agronegócio gaúcho no segundo trimestre, com 37,6% do total, seguida da União Europeia (16,6%), Estados Unidos (4,5%), Vietnã (4,0%) e Coreia do Sul (3,2%).
Acumulado de 2023
Entre janeiro e setembro, as exportações do agronegócio gaúcho totalizaram US$ 12,0 bilhões, alta de 3,1% em valor na comparação com os nove primeiros meses de 2022 e correspondente a 73,1% do total das vendas externas do Rio Grande do Sul.
Fumo e seus produtos é novamente destaque entre os principais segmentos da área, que atingiu o maior valor da série histórica iniciada em 1997, com vendas de US$ 1,78 bilhão (+27,3%). O complexo soja também avançou no período (total de US$ 4,40 bilhões; +9,4%), puxado pelas vendas de soja em grão (total de US$ 2,65 bilhões; +24,1%) e do farelo de soja (total de US$ 1,34 bilhões; +7,9%), que compensaram a queda no comércio de óleo de soja (total de US$ 409,63 milhões; -36,4%).
O setor de carnes (total de US$ 1,97 bilhão; -2,6%), cereais, farinhas e preparações (total de US$ 1,25 bilhão; – 4,7%) e produtos florestais (total de US$ 1,02 bilhão; -20,7%) tiveram desempenho inferior na comparação com 2022. Nas carnes, a redução de 37,4% nas vendas de carne bovina (menos US$ 127,27 milhões) teve o maior impacto. No segmento de cereais, as vendas de trigo caíram 20,6% (menos US$ 151,82 milhões), após um desempenho histórico no ano passado. Entre os produtos florestais, a celulose apresentou baixa de 20,7% no comércio com o exterior (menos US$ 183,65 milhões).
Emprego formal
Tradicional período de queda na oferta de trabalhos no setor, o agronegócio do Rio Grande do Sul registrou saldo negativo de 8.669 postos com carteira assinada no terceiro trimestre de 2023. No mesmo período de 2022, o saldo foi negativo em 3.071 empregos. As vagas na fabricação de produtos de fumo tiveram saldo negativo de 8.557 postos, contra menos 7.224 postos do mesmo período de 2022. O setor de abate e fabricação de carnes teve saldo negativo de 1.264 postos, enquanto no terceiro trimestre do ano passado obteve saldo positivo de 1.027 vagas.
Considerando os três segmentos que constituem o agronegócio (“antes”, “dentro” e “depois” da porteira), o segmento “dentro da porteira”, formado pelas atividades agropecuárias, foi o único com saldo positivo (mais 832 postos). O segmento “depois da porteira”, constituído especialmente pelas atividades agroindustriais, e o “antes da porteira”, relacionado aos setores dedicados ao fornecimento de insumos, máquinas e equipamentos, apresentaram resultado negativo (menos 9.286 e 215 postos, respectivamente).
No acumulado do ano, entre janeiro e setembro, o saldo de empregos criados no agronegócio gaúcho foi de 5.840 postos. Em setembro, o número de vínculos ativos com carteira assinada no setor no Rio Grande do Sul chegou a 370.059. O setor de abate e fabricação de produtos de carne constitui o mais representativo no Estado (66.593 vínculos), seguido do comércio atacadista de produtos agropecuários e agroindustriais (50.127 vínculos) e da fabricação de tratores, máquinas e equipamentos agropecuários (35.236 vínculos).
(Texto: Vagner Benites/Ascom SPGG)