Parte da sociedade está sendo enganada — e o método é antigo, eficiente e repetido sem pudor. Quando a política invade o templo, quase nunca é por fé; é por cálculo frio. O culto vira cenário, a oração vira performance pública e a religião passa a funcionar como atalho eleitoral. Nada de espiritual aí. Só conveniência.
É mais fácil enganar as pessoas do que convencê-las de que foram enganadas. Essa máxima explica por que a encenação funciona. Questionar conversões repentinas não é atacar a crença de ninguém; é exigir honestidade num espaço público que vive sendo manipulado. Fé não brota por decreto, nem aparece conforme o calendário eleitoral.
No Brasil, parcelas do campo evangélico foram convertidas em massa de manobra por projetos de poder que sabem explorar medo, culpa e identidade. Enquanto a atenção fica presa ao altar, temas concretos seguem fora do foco: desigualdade, violência de Estado, corrupção estrutural, concentração de renda. O espetáculo ocupa o lugar do debate.
A crítica aqui é ao oportunismo. Aparições em cultos não apagam histórico, não limpam responsabilidades e não suspendem o direito básico à pergunta que sempre precisa ser feita: quem ganha com isso? Quem perde com isso? Quem fica sem voz enquanto a fé vira figurino?
Misturar religião com ambição política não eleva a moral pública. Serve ao controle.
Contribuição simbólica
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Não é sobre quantia.
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