Lula enquadra Ratinho na guerra da ponte Brasil-Paraguai, diz PT
A guerra política entre presidente Lula (PT) e governador Ratinho Júnior (PSD) tomou conta da tríplice fronteira, depois que o mandatário paranaense tentou inaugurar, por conta própria, o acesso à Ponte da Integração em Foz do Iguaçu, obra federal bancada com mais de R$ 752 milhões da Itaipu. A manobra desandou quando o DNIT barrou a liberação da Perimetral Leste, por falta de condições técnicas, obrigando o governo estadual a cancelar às pressas a cerimônia.
A tentativa de protagonismo durou poucas horas. Ratinho Junior anunciou para esta quinta (11) a entrega da Perimetral, mas o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes alertou formalmente que a via, parte da BR-277, não estava apta para tráfego. Segundo o órgão, faltam sinalização horizontal, sinalização vertical e dispositivos de proteção obrigatórios como defensas metálicas e barreiras de concreto. A vistoria conjunta DNIT-PRF nem sequer ocorreu.
O ofício ressalta que o artigo 88 do Código de Trânsito Brasileiro proíbe inaugurar ou reabrir vias pavimentadas sem sinalização adequada. Também lembra que o DNIT responde objetivamente por sinistros se liberar uma obra insegura. O documento desautoriza qualquer tentativa de inauguração e pede correções técnicas antes da liberação ao trânsito.
A medida desmontou o plano político do governador. Fontes ouvidas pelo Blog do Esmael afirmam que Ratinho tentou antecipar a entrega porque Lula sinaliza vir ao Paraná entre 19 e 20 de dezembro para inaugurar oficialmente a ponte. O gesto estadual buscava ocupar o palco e disputar o crédito da realização.
A estratégia se revelou um tiro no pé. A obra é integralmente federal, financiada pela Itaipu Binacional sob gestão do governo Lula. São R$ 336,6 milhões destinados à Ponte da Integração, R$ 338 milhões para a Perimetral e as aduanas, somando mais de R$ 752 milhões investidos no complexo logístico. O Estado do Paraná apenas fiscalizou o convênio, sem aportar recursos próprios.
Reprodução
O secretário-geral do PT-PR, André Vargas, acusou o governador de “mesquinhez”. No vídeo divulgado, ele afirma que Ratinho tentou se antecipar ao presidente e vender uma obra federal como se fosse estadual. No jargão político da fronteira, o episódio rendeu ao governador o troféu “Chupim de Ouro”, prêmio irônico criado pelo sindicalista Messias Obama das Araucárias, que é entregue para autoridades que tentam capitalizar realizações alheias.
A leitura no PT é de que Ratinho buscou protagonismo para valorizar seu projeto de 2026 diante de Tarcísio de Freitas (Republicanos), nome forte da direita e aliado da Faria Lima. No entanto, o recuo evidencia que o palanque da fronteira pertence ao governo federal. Lula terá a narrativa, o palco e as chaves da ponte.
A tríplice fronteira, mais uma vez, expressa a disputa de poder em escala nacional. De um lado, o governo federal entrega infraestrutura estratégica para o Estado e para o Mercosul. De outro, o governador tenta transformar verba federal em capital político próprio. Desta vez, a engenharia não sustentou a manobra.
Segundo André Vargas, o Paraná sabe quem investe. E sabe também quem tenta apenas aparecer na foto.
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