Alemanha confirmou na COP30 um aporte histórico de € 1 bilhão (cerca de R$ 6,1 bilhões) no Tropical Forests Forever Fund (TFFF) — o fundo global criado pelo Brasil para remunerar países que mantêm suas florestas vivas. O anúncio foi celebrado pela ministra Marina Silva e reforça o TFFF como uma das maiores vitrines diplomáticas da conferência.
O TFFF funciona como um fundo de investimento de renda fixa, não como doação. O dinheiro captado no mercado financeiro gera lucro, e esse rendimento é usado para pagar países tropicais pela conservação — priorizando Brasil, Indonésia e Congo. A lógica é transformar a floresta em pé em valor econômico contínuo, mudando o incentivo que hoje ainda favorece o desmatamento.
Além da Alemanha, já confirmaram recursos:
* Brasil – US$ 1 bi
* Noruega – US$ 3 bi
* Indonésia – US$ 1 bi
* França – US$ 500 mi
A estrutura do TFFF prevê:
* captar até R$ 625 bilhões no mercado global;
* aplicar os recursos em ativos seguros de renda fixa;
* remunerar países com base na área preservada;
* destinar 20% dos valores a povos indígenas e comunidades locais;
* proibir investimentos em petróleo, gás e carvão.
A proposta parte de um diagnóstico claro: destruir floresta ainda gera mais retorno econômico imediato do que conservá-la. O TFFF busca corrigir essa distorção com pagamentos anuais por hectare preservado, com valores reduzidos caso aumentem desmatamento ou degradação. É uma forma de criar estabilidade financeira e previsibilidade para a agenda florestal.
Diferente do REDD+, que paga pelo carbono não emitido, o TFFF vai além: paga diretamente pela floresta em pé, reconhecendo seus serviços ecológicos, culturais e climáticos.
Para Marina Silva, o anúncio “fortalece o multilateralismo e aproxima o mundo de um novo modelo de desenvolvimento compatível com a proteção ambiental”.
O aporte alemão envia um sinal forte: a conservação das florestas tropicais é um dos pilares centrais da agenda global — e Belém está no centro dessa virada.
