Rússia exige 20% do território da Ucrânia para cessar-fogo; veja demais condições
Rússia exige 20% do território da Ucrânia para cessar-fogo; veja demais condições
Por Administrador
Publicado em 02/06/2025 15:39
INTERNACIONAL
Memorando com a proposta de paz foi entregue pelos russos à Ucrânia em segunda rodada de negociações diretas por acordo de paz no conflito. Encontro ocorreu nesta segunda (2), um dia após troca de ataques em larga escala e inéditos.

A Rússia manteve exigências já apresentadas anteriormente para que haja um cessarfogo na guerra da Ucrânia, informaram agências estatais russas nesta segunda-feira (2). A anexação de 20% do território ucraniano está entre os requisitos que constam no memorando de paz entregue pelos russos aos ucranianos em negociações diretas entre delegações dos dois países.

 Segundo as agências estatais russas Tass, Interfax e RIA Novosti, as condições russas para um cessar-fogo definitivo no conflito delineadas no memorando são as seguintes:

Reconhecimento da Crimeia, Lugansk, Donetsk, Zaporizhzhia e Kherson, regiões ocupadas atualmente pelas tropas russas e que correspondem a 20% do território da Ucrânia, como território da Rússia;

Retirada completa das tropas ucranianas desses territórios;

Interrupção de fornecimento de armas e de inteligência do Ocidente à Ucrânia;

Eleições na Ucrânia; Limitação do Exército ucraniano, tanto na quantidade de tropas quanto de armas; Proibição da Ucrânia de ter armas nucleares e de abrigar esses armamentos em seu território.

Até a última atualização desta reportagem, as agências russas não mencionaram a proibição da entrada da Ucrânia na Otan (Aliança Militar do Atlântico Norte) entre as exigências do Kremlin para a trégua.

Caso as exigências russas sejam cumpridas, o memorando prevê a assinatura de um acordo de paz, a extinção de todas as sanções econômicas existentes entre os dois países e a restauração das relações econômicas com a Ucrânia, incluindo o fluxo de gás.

 A Ucrânia já se recusou a cumprir as mesmas demandas apresentadas pelos russos em negociações anteriores, intermediadas pelos EUA. Na ocasião, Zelensky disse que não abrirá mão de territórios e continuará reivindicando o direito de entrar para a Otan.

Negociações diretas

Delegações da Rússia e da Ucrânia durante reunião para tentar um acordo de cessar-fogo, em Istambul, na Turquia, em 16 de maio de 2025. — Foto: Ramil Sitdikov/ Sputnik Pool Foto via AP

Um dia após um ataque inédito da Ucrânia a bases militares russas que surpreendeu o mundo, a Rússia entregou nesta segunda sua proposta de cessar-fogo na guerra entre os dois países. O documento foi apresentado em encontro em Istambul, na Turquia.

Ucrânia e Rússia concordaram em fazer uma grande troca de prisioneiros de guerra e de corpos de soldados. Serão trocados todos os prisioneiros de até 25 anos, gravemente feridos ou doentes, além de 6 mil cadáveres de cada lado.

 O governo ucraniano confirmou que a Rússia entregou aos negociadores de Kiev o memorando com sua proposta sobre cessarfogo. Putin havia se comprometido com Donald Trump, dos EUA, a elaborar o documento.

Líder da delegação ucraniana, o ministro da Defesa, Rustem Umerov, disse que seu governo irá analisá-lo em até uma semana.

 O chefe da delegação russa, Vladimir Medinsky, afirmou que o documento contém os termos do Kremlin para um cessar-fogo total. Medinsky disse ainda que os russos receberam a versão ucraniana do memorando — o que não foi confirmado pelo lado ucraniano.

Segundo Umerov, da Ucrânia, os dois países concordaram em voltar a se reunir no fim de junho para uma 3ª rodada de negociações.

Zelensky confirmou as tratativas pela nova troca de prisioneiros de guerra, e seu chefe de gabinete disse que a Ucrânia entregou à Rússia uma lista de crianças ucranianas deportadas pedindo que fossem devolvidas.

Era esperado um clima de tensão extra nesta rodada de negociações por conta de ataques inéditos por ambas as partes nas últimas horas:

O ataque da Ucrânia em território russo atingiu quatro bases militares espalhadas pelo país e em regiões bem distantes da fronteira entre os dois países — incluindo a Sibéria. Na ofensiva, foram danificados caças russos estratégicos, segundo o Serviço de Segurança Ucranianos (SBU). As negociações diretas entre Ucrânia e Rússia pelo fim da guerra tiveram início em 16 de maio, em uma rodada de conversas cercada de polêmicas e com poucos resultados. Nesse primeiro encontro, também em Istambul, os países se comprometeram apenas com uma troca de 1.000 prisioneiros de guerra de cada lado.

A Ucrânia fez no domingo (1º) um ataque inédito na Rússia, em que drones escondidos em caminhões destruíram mais de 40 aviões de guerra russos — quase um terço da frota — em diversas bases militares do país.

Já a Rússia quebrou um recorde também no domingo: fez o maior bombardeio de drones da guerra até o momento, com 472 projéteis lançados contra o território ucraniano.

 O ataque da Ucrânia em território russo atingiu quatro bases militares espalhadas pelo país e em regiões bem distantes da fronteira entre os dois países — incluindo a Sibéria. Na ofensiva, foram danificados caças russos estratégicos, segundo o Serviço de Segurança Ucranianos (SBU).

As negociações diretas entre Ucrânia e Rússia pelo fim da guerra tiveram início em 16 de maio, em uma rodada de conversas cercada de polêmicas e com poucos resultados. Nesse primeiro encontro, também em Istambul, os países se comprometeram apenas com uma troca de 1.000 prisioneiros de guerra de cada lado.

 O novo ciclo de negociações ocorreu palácio de Ciragan, em Istambul. Os representantes russos chegaram no domingo e a delegação ucraniana na manhã de segunda-feira.

O chefe da diplomacia russa, Sergey Lavrov, conversou no domingo por telefone com seu homólogo norte-americano, Marco Rubio, sobre as negociações, segundo o Ministério das Relações Exteriores da Rússia.

 Garantias de segurança

As partes estão muito longe de um acordo, seja uma trégua ou uma solução de longo prazo.

As prioridades da Ucrânia são "um cessar-fogo completo e incondicional" e o "retorno dos prisioneiros" e das crianças ucranianas que, segundo Kiev, Moscou levou para seu território, afirmou Zelensky no domingo.

O chefe de Estado ucraniano também deseja uma reunião direta com seu homólogo russo, uma proposta que o Kremlin rejeitou diversas vezes.

Moscou descarta o "cessar-fogo incondicional" exigido por Kiev e seus aliados ocidentais. O Kremlin insiste que é necessário resolver o que chama de "causas profundas" do conflito.

A Rússia exige que a Ucrânia renuncie de forma definitiva ao processo de adesão à Otan e que entregue as cinco regiões das quais reivindica a anexação.

 As condições são inaceitáveis para Kiev, que exige uma retirada total das tropas russas de seu território.

A Ucrânia também quer garantias de segurança concretas, apoiadas por seus aliados, como a proteção da Otan e a presença de tropas ocidentais em seu território, o que a Rússia não aceita.

A guerra continua

O conflito, que começou há mais de três anos, em fevereiro de 2022, provocou dezenas de milhares de mortes entre civis e militares dos dois lados.

 

O principal negociador russo em Istambul é Vladimir Medinski, o conselheiro ideológico de Putin que liderou as negociações fracassadas de 2022 e que questiona a existência da Ucrânia.

A delegação ucraniana é liderada pelo ministro da Defesa, Rustem Umerov, considerado um bom negociador, apesar dos vários escândalos que afetam seu ministério.

A Ucrânia informou no domingo que atingiu quase 50 aviões militares russos e reivindicou danos avaliados em quase 7 bilhões de dólares.

O ataque, em território russo a milhares de quilômetros de distância da linha de frente, foi executado com drones introduzidos clandestinamente na Rússia e posteriormente lançados contra suas bases militares.

As consequências para as capacidades militares russas são difíceis de quantificar, mas o ataque tem uma forte carga simbólica no contexto das negociações. 

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