Luxo, heresia e guerra: reforma de Francisco será testada no conclave
Luxo, heresia e guerra: reforma de Francisco será testada no conclave
Por Administrador
Publicado em 24/04/2025 07:44 • Atualizado 24/04/2025 07:45
INTERNACIONAL

Assim que tomou posse em 2013, o papa Francisco convocou nove cardeais e lhes deu uma tarefa: limpar o lugar. Eles teriam a missão de identificar tudo o que existia de exagero, corrupto ou que desviasse da missão da Igreja. Mas, acima de tudo, desenhar uma nova constituição para a Santa Sé e transferir poder e responsabilidades da Curia Romana para as conferências locais de bispos. Seria um verdadeiro terremoto.

Ele assumia o cargo no lugar de Bento 16, que ganhou o apelido de “Papa Prada” por seu gosto por itens de luxo e sapatos de pele. Dois meses depois, Francisco decidiu fazer uma “inspeção” de surpresa a sua própria garagem e teria ficado impressionado com o valor e luxo da frota. Sua ordem foi para que os carros fossem vendidos e trocados por modelos mais baratos.

Sete meses depois de assumir o trono de São Pedro, o pontífice decidiu que, pela primeira vez em 125 anos, o mundo saberia o que estava nos cofres do Vaticano e ordenou a instituição a publicar seu primeiro balanço. Outro terremoto.

Em encontros privados e públicos, Francisco não disfarçou seu desprezo pela Cúria.

“Os chefes da igreja sempre foram narcisistas, lisonjeados e emocionados por seus cortesãos. A corte é a lepra do papado”, disse.

Havia outro fato que Francisco considerada como intolerável: a existência de mendigos nos arcos do Vaticano, repleto de ouro e arte. Depois de instalar chuveiros, banheiros e de ordenar a distribuição de comida e roupas para os centenas de mendigos, o papa abriu uma barbearia gratuita para os mais miseráveis.

O vendaval que causava Francisco parecia não ter fim. Quatro meses depois de sua posse, ele quebrou um tabu - mas não alterou dogmas - quando disse: “quem sou eu para julgar os homossexuais?”. Ele continuou causando indignação das alas mais radicais da Igreja ao lavar os pés de uma refugiada muçulmana. Sua missão, dizia ele, era acolher e usava a imagem da Igreja como um hospital de campanha, que atendia a todos, sem perguntar.

Os gestos foram amplamente aplaudidos fora de Roma. Mas houve quem tenha resistido. “Um palhaço”. Foi assim que uma ala mais tradicional da Santa Sé começou a chamar Jorge Bergoglio.

(Jamil Chade)

Comentários

Chat Online