A inundação que acaba de destruir boa parte do Rio Grande do Sul, causando um prejuízo material inestimável e a morte de perto de 250 pessoas, está motivando um aprofundamento ainda maior do debate em torno do que cientistas do mundo todo têm alertado já há um bom tempo sobre as consequências da intervenção do homem na natureza.
E uma das questões mais abordadas nos últimos dias é uma revelação da Nasa, a agência espacial americana, de que o nível do mar aumentou 9,4 cm entre 1993 e 2023, o que seria fruto do crescente derretimento das geleiras da Groenlândia e da Antártica.
Isso ensejou um relatório da ONG Climate Central, também sediada nos EUA, alertando que se o nível do mar seguir aumentando nos mesmos níveis de hoje em dia, várias amplas áreas do planeta estarão cobertas em 2.100, ou seja, daqui a menos de 80 anos. Há até um mapa interativo sobre o tema, que pode ser acessado aqui.
Subjetividade à parte, a análise indica que nesse horizonte de tempo a linha da maré alta poderá ultrapassar as terras ocupadas por cerca de 10% da população global atual, o equivalente a aproximadamente 800 milhões de pessoas.
Os pesquisadores envolvidos analisaram onde a população estará mais vulnerável nos próximos anos e sob diferentes cenários de aquecimento global pelo efeito estufa e chegaram à conclusão de que ao menos importantes 50 cidades em todo o mundo terão seus territórios parcialmente invadidos pela água.
"As atuais taxas de aceleração significam que estamos no caminho para adicionar mais 20 centímetros ao nível médio global do mar até 2050 (...), aumentando a frequência e os impactos das inundações em todo o mundo", garantiu a diretora de pesquisas da Nasa, Nadya Vinogradova Shiffer, projetando um cenário mais complicado para China, Índia e Vietnã.
No Brasil, a se confirmar esse prognóstico, serão inundadas áreas costeiras das regiões Sul, Sudoeste, Norte e Nordeste. No caso específico do Rio Grande do Sul, cidades importantes como Porto Alegre (foto), Pelotas e Canoas estarão entre as mais afetadas. Diversas cidades paranaenses também serão afetadas, embora em escala menor. (Foto: Gustavo Mansur/Palácio Piratini)