Espécie de cortesia com o chapéu alheio, segundo a versão oficial para que ninguém passe fome, mas no fundo, no fundo uma espécie de cortesia com o dinheiro do contribuinte na medida em que não exige, da parte do beneficiário, reciprocidade razoável do tipo fazer um curso para aprender uma profissão e arranjar um emprego após alguns meses, o Bolsa Família vem tendo um efeito colateral preocupante quando se trata de arregimentar novos trabalhadores.
E olha que isso já não acontece mais só em cidades grandes e médias como é o caso de Cascavel, onde só a Coopavel tem cerca de 300 vagas permanentemente abertas, mas também em localidades pequenas, como é o caso da vizinha Ibema.
Nesta pacata cidade localizada às margens da BR-277, com menos de 6.500 habitantes e mais de 600 beneficiários do Bolsa Família em março passado (há três anos menos de 250), o empresariado local vem enfrentando sérias dificuldades para arregimentar força de trabalho suficiente para atender à demanda. Uma prova disso é a Ibema Confecções, fábrica de vestuário que está com sua produção limitada justamente por causa desse problema.
De acordo com o diretor Fábio Zortea, a empresa tem em torno de 280 colaboradores diretos e outros 120 indiretos, produz para grandes marcas nacionais e até multinacionais e vem sendo obrigada a dispensar novos pedidos por falta de gente para trabalhar. "Hoje posso contratar pelo menos mais 30 colaboradores para atender à demanda de meus clientes, mas não há interessados", queixou-se ele à Rádio Ibema.
Zortea relatou, ainda, que muitos até querem emprego, mas desde que sem registro em carteira para continuarem recebendo o Bolsa Família, e acabam sendo descartados pela política interna rigorosa da empresa e também pelo fato de ela prestar serviços para multinacionais que exigem o cumprimento à risca da legislação trabalhista. (Foto: Divulgação MDS)
Com Alerta Paraná