O movimento que o grupo político do governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD) fez, em 2022, para lhe garantir uma reeleição tranquila, ainda no primeiro turno, tem reflexos diretos na construção do quadro para as eleições municipais deste ano. O governador inflou o PSD, minguou outros partidos, mas vê, agora, disputas internas entre aliados para a disputa pelas prefeituras dos 399 municípios paranaenses. Hoje, há, até, cidades em que o prefeito e seus principais opositores estão filiados ao mesmo partido.
O PSD já saiu das eleições de 2020 como o maior partido do Estado, após conquistar nada menos que 135 prefeituras. No entanto, na janela partidária antes das eleições de 2022, a legenda cresceu ainda mais. Dez deputados estaduais migraram para o partido, triplicando a bancada, que elegeu, em outubro daquele ano, 16 deputados.
E não foram quaisquer deputados. O partido de Ratinho Jr. conseguiu cooptar alguns dos campeões de voto, como Alexandre Curi ( o mais votado de 2022), Luiz Cláudio Romanelli, Artagão Junior, Tiago Amaral e, até, o presidente da Assembleia Legislativa, Ademar Traiano.
Junto com os deputados, ingressaram no PSD suas bases de apoio: prefeitos, vereadores, secretários municipais e outras lideranças. Hoje, já são 201 prefeitos do PSD, além de 61 vices e 659 vereadores. Com isso, há, para as próximas eleições, cidades em que o pré-candidato a prefeito da situação é do PSD, por vinculo histórico com um parlamentar, e seu principal adversário também é do partido, levado por outro deputado. A situação, que se repete em vários municípios do Estado e faz com que o partido quebre a cabeça em busca de consenso, o governador se afaste de algumas disputas e lideranças preteridas busquem caminhos fora da legenda.
Um dos quadros que melhor ilustra esta situação ocorre em Londrina, onde os próprios deputados são os protagonistas da disputa interna. Cinco nomes do PSD são colocados como pré-candidatos a prefeito: os deputados estaduais Tiago Amaral, Cloara Pinheiro e Tercílio Turini, a deputada federal Luísa Canziani e seu pai, ex-deputado Alex Canziani. O impasse faz com que Turini cogite trocar de partido para conseguir concorrer à prefeitura.
Dentro da base de sustentação do governador, legendas como União Brasil, PP e Republicanos acompanham de perto todas essas movimentações, de olho em reforçar seus quadros para a eleição de outubro.
PT quer reunir frente que apoia Lula
Liderando a oposição ao governo Ratinho Jr., o PT, mais uma vez, vai para as eleições de outubro abrindo mão de candidaturas próprias para reforçar a frente de centro-esquerda que elegeu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Assim, mesmo enfrentando resistência interna, o PT deverá apoiar candidatos de outras legendas na maioria das cidades paranaenses.
“Vamos priorizar a construção de uma frente no estado. O PT estadual se reuniu e assim definiu. Nossa federação é composta pelo PT, PV e PC do B, mas estamos no reunindo, também, com o PSB e o PDT, com a Rede e o PSol e, em alguns lugares, até, com a federação PSDB e Cidadania. A prioridade é ter o maior número de aliados do Lula candidatos com condições de vitória em outubro”, disse a O Luzeiro, o presidente estadual do partido, deputado Arilson Chiorato.
“Então, no PT, a prioridade são os candidatos com viabilidade eleitoral. Nas cidades onde o nome do PT for o mais viável que outros da aliança, vamos priorizar a candidatura própria do PT. Onde o PT tiver menos viabilidade, vamos apoiar outro candidato deste leque de partido que está conosco no governo federal”, acrescentou, afirmando que o PT tem, hoje 80 pré-candidatos a prefeito e deve ceder a cabeça da chapa a aliados em mais de 300 municípios.
Segundo Chiorato, a principal aposta do PT é em Guarapuava, onde o deputado estadual Dr. Antenor deverá ser o candidato. “Também temos uma candidatura importante em Maringá, do ex-vereador Humberto Henrique, que voltou para o PT e tem o apoio de quase todos os partidos que já apontei. Em Curitiba, estamos definindo entre a candidatura própria ou o apoio ao PSB ou PDT. Em Londrina, temos pré-candidata, mas ainda muito inicial esse projeto, que é a Isabel (Diniz)”, contou, dizendo que o partido, que hoje tem oito prefeitos, almeja eleger 20 em outubro.
“Mas, mais do que isso, o importante é fortalecer uma frente política que esteja com o presidente Lula. Quem for contra o ratismo, o lavajatismo e o bolsonarismo estará muito bem acompanhado pelo PT”, concluiu.