Salvo engano, estamos hoje em fevereiro de 2024. Claro, mas e daí? Daí que saber claramente disso é ponto a iminente candidatura de Edgar Bueno à sucessão de Leonaldo Paranhos no pleito de outubro deste ano.
Não se trata de fazer aqui qualquer juízo de valor sobre o caso e os personagens nele implicados, e muito menos de advogar a causa do ex-prefeito, até porque a destinação do dinheiro público deve ser sempre muito bem esclarecida à população em geral, mas não há como entender como não extemporânea a decisão da Câmara Municipal de marcar para o próximo dia 29 uma sessão extraordinária destinada à análise e ao julgamento das contas municipais ainda de 2016, ou seja, de oito anos atrás.
De lá para cá se passaram o equivalente a dois mandatos inteiros, tempo mais que suficiente para que essa questão fosse resolvida uma dúzia ou mais de vezes, razão pela qual ecoa como mera artimanha política este julgamento só agora - o que o saudoso Emir Sfair definiria como "missa encomendada".
Não obstante o fato de o TCE-PR já ter aprovado tais contas, que apresentaram algumas falhas sanadas a tempo, Edgar aparece liderando as pesquisas de intenção de voto, o que coloca uma interrogação ainda maior sobre a conduta da Câmara.
Por fim, parece não haver a menor dúvida de que, em caso de reprovação a questão será judicializada e que a chance de vitória de Edgar no chamado "tapetão" é muito grande, o que poderá acabar fortalecendo ainda mais seu nome perante o eleitorado e fazer com que o tiro dos vereadores que querem vê-lo fora da disputa saia pela culatra.
Quem conhece, sabe que o jogo político é bruto assim mesmo. Mas convém lembrar que um candidato transformado em vítima normalmente se fortalece ainda mais. (Foto: Arquivo Secom/PMC)