SÍNDROME DO IMPOSTOR: O QUE É E COMO AFETA A SAÚDE E A PRODUTIVIDADE
SAÚDE
Publicado em 29/01/2024

Você sabe o que nomes como Michelle Obama, Meryl Streep, Tom Hanks, Neil Armstrong, Lady Gaga e Adele têm em comum, além de serem referências em suas áreas de atuação? Todas essas personalidades sofrem ou já sofreram com a Síndrome do Impostor, fenômeno cada vez mais em pauta no mundo do trabalho. 

Embora o termo seja utilizado desde a década de 70 para definir um padrão psicológico de desconfianças sobre a própria competência, ele ganhou a relevância que merece apenas recentemente, quando algumas celebridades — como a já citada Michelle Obama — trouxeram o assunto à tona. 

Desde então, a Síndrome do Impostor passou a ser vista por empresas e profissionais como um desafio real, capaz de afetar a saúde e a produtividade no trabalho. Por isso, te convidamos para saber mais sobre o assunto. 

O que é a Síndrome do Impostor?

A Síndrome do Impostor pode afetar talentos de diferentes idades, áreas de atuação e níveis de experiência. Ela se caracteriza por um padrão de pensamentos negativos, em que a pessoa duvida de suas próprias conquistas e habilidades. 

Em outras palavras, quem sofre com a Síndrome do Impostor lida, diariamente, com a certeza de ser uma fraude no trabalho, mesmo quando há evidências concretas de que essa pessoa lida muito bem com o que faz. 

Além disso, os profissionais têm a sensação persistente de que não merecem o próprio sucesso e que, em algum momento, serão descobertos como uma farsa — ou seja, como impostores. 

Vale explicar que este fenômeno foi analisado pela primeira vez, em 1978, pelas pesquisadoras Pauline Clance e Suzanne Imes. No estudo em questão, elas avaliaram cerca de 150 mulheres tidas como bem-sucedidas e chegaram à conclusão de que nenhuma se considerava suficientemente boa.  

 

Também é importante ressaltar que a nomenclatura mais correta, utilizada em artigos científicos, é “fenômeno do impostor”, uma vez que o quadro não é oficialmente reconhecido como um transtorno mental, não constando na Classificação Internacional de Doenças da OMS. 

Quais as possíveis causas deste fenômeno?

A Síndrome do Impostor pode ter várias causas, e é geralmente resultado de uma combinação de fatores que vão desde condições da própria dinâmica familiar e traços da personalidade da pessoa até questões sociais e econômicas, mas a sensação segue sendo estudada pela psicologia. 

Veja, na sequência, alguns dos motivos que podem pesar nessa equação. 

PERFECCIONISMO EXCESSIVO  

Indivíduos com altos padrões de perfeição para si são mais propensos a desenvolver a Síndrome do Impostor. Afinal, eles sentem que nunca são bons o suficiente e vivem com medo de cometer erros. 

AUTOESTIMA FRAGILIZADA 

A baixa autoestima pode levar a uma falta de confiança nas próprias habilidades e conquistas. Mesmo que a pessoa tenha sucesso, ela não consegue internalizar essa realização positivamente. 

MENSAGENS NEGATIVAS NA INFÂNCIA 

Comentários críticos, comparações constantes ou a exigência de um desempenho excepcional também podem contribuir para o desenvolvimento da Síndrome do Impostor na vida adulta, já que influenciam na forma como a pessoa se vê. 

AMBIENTE DE TRABALHO COMPETITIVO 

Locais de trabalho altamente competitivos, onde as comparações e a busca por resultados são constantes, podem intensificar os sentimentos de inadequação e a necessidade de se provar o tempo todo. 

FALTA DE REPRESENTATIVIDADE 

A falta de referências na área de atuação profissional pode levar os colaboradores a se sentirem isolados e acreditarem que são uma exceção. Inclusive, algumas pesquisas mostram que se alguma mulher assume uma cadeira normalmente ocupada por homens brancos, o sentimento de “ser uma impostora” tende a aumentar.  

TRAUMAS OU EXPERIÊNCIAS NEGATIVAS ANTERIORES 

Por fim, traumas, fracassos passados ou experiências negativas no trabalho podem impactar a confiança de uma pessoa em suas próprias habilidades e também contribuir para o desenvolvimento da Síndrome do Impostor. 

Como a Síndrome do Impostor se manifesta? 

Agora que conheceu a Síndrome do Impostor e o que pode estar por trás dela, talvez você esteja se perguntando se é parte do grupo de profissionais que sofrem ou já sofreram com esse fenômeno psicológico. 

Se já sentiu que não merecia suas conquistas, que sua posição é um engano, ou que em breve todos descobrirão que você não tem tanta competência quanto parece, então há grandes chances de que sim, você pode ser parte desse grupo no momento. 

Mas, para não restarem dúvidas, vamos aos principais sintomas já estudados: 

  • autodesvalorização: tendência a menosprezar as próprias conquistas e habilidades; 
  • medo constante de ser descoberto: pessoas com Síndrome do Impostor temem que os outros descubram que elas não são tão competentes ou talentosas quanto aparentam ser; 
  • perfeccionismo excessivo: buscar a perfeição torna-se uma necessidade para aqueles que se sentem impostores, da mesma forma que qualquer desvio dessa busca é visto como um sinal de fracasso; 
  • dificuldade em aceitar elogios: tendência a minimizar as palavras positivas dos outros e atribuir o próprio sucesso a fatores externos;
  • comparação constante: a pessoa pode se sentir inferior em relação aos colegas de trabalho, acreditando que todos são mais talentosos e competentes do que ela; 
  • procrastinação: hábito de adiar compromissos e tarefas, muitas vezes por medo de receber críticas pelo trabalho ou obter um resultado insatisfatório; 
  • autossabotagem: indivíduos com Síndrome do Impostor passam a evitar assumir desafios, ou oportunidades de crescimento, por medo de falhar ou de serem expostos como fraudes. 

Como é de se imaginar, os sintomas comprometem tanto o bem-estar quanto o crescimento do profissional.  

Por um lado, a constante pressão interna de se provar e o medo de ser descoberto como impostor pode levar a níveis elevados de estresse emocional e mental. Por outro, sintomas como procrastinação e autossabotagem podem comprometer a produtividade no trabalho e levar à perda de oportunidades. 

Caminhos para superar o sentimento de ser uma fraude 

Se você se identificou com os sinais apresentados acima, tenha calma: por mais desafiador que seja, saiba que é possível superar a Síndrome do Impostor. Mas, para isso, é importante buscar apoio e compreensão. 

Confira algumas dicas de como lidar com o sentimento de fraude e superá-lo. 

BUSQUE AJUDA PROFISSIONAL 

Ao notar que o sentimento de ser uma fraude é constante e está afetando o seu bem-estar, não tenha medo de buscar a ajuda de um profissional de saúde mental. Um terapeuta ou psicólogo especializado é a pessoa indicada para oferecer suporte e te ajudar a superar a Síndrome do Impostor. 

RECONHEÇA E VALIDE SUAS CONQUISTAS 

Faça uma lista das suas realizações passadas e lembre-se de como você contribuiu para o sucesso de projetos profissionais. Saber valorizar as próprias vitórias, habilidades e experiências é um passo importante para vencer o sentimento de farsa. 

DESAFIE SEUS PENSAMENTOS NEGATIVOS 

Quando começar a se sentir uma fraude, questione esses pensamentos e procure por evidências concretas que os contradigam. Lembre-se de que todos têm momentos de insegurança, mas isso não invalida suas realizações. Aceitar que cometer erros faz parte do processo de aprendizado e crescimento profissional também pode fazer a diferença. 

EVITE SE COMPARAR COM OS OUTROS 

A comparação constante é uma armadilha comum para quem sofre da Síndrome do Impostor. Para evitar cair nela, lembre-se de que cada pessoa tem suas próprias habilidades. Em vez de se comparar com os outros, concentre-se em seu próprio progresso e crescimento. Lembre-se, também, de que o sucesso não é uma competição, mas sim uma jornada individual e com diferentes significados. 

COMPARTILHE SEUS PENSAMENTOS E EMOÇÕES 

Conseguir falar abertamente sobre os seus sentimentos com pessoas de confiança, como amigos, familiares ou um profissional de saúde mental, pode te ajudar a obter perspectivas diferentes. 

Outra possibilidade é procurar grupos de apoio ou comunidades online com pessoas que compartilham experiências semelhantes. Conversar com quem já passou ou está passando pelo mesmo problema pode ser reconfortante e encorajador. 

TENHA UM MENTOR 

Recorrer ao coaching ou mentoria de carreira também é uma estratégia valiosa para superar a Síndrome do Impostor. Afinal, um profissional mais experiente pode te orientar, oferecer suporte e feedbacks construtivos, ajudar a validar as suas conquistas e encorajar seu crescimento.  

Como o RH pode ajudar colaboradores que se sentem impostores? 

Apesar de os profissionais serem os grandes protagonistas na superação da Síndrome do Impostor, as empresas também podem — e devem — ajudá-los a contornar esse problema que tem se tornado tão comum. 

Por isso, antes de nos despedirmos, gostaríamos de deixar algumas dicas também para quem leu o conteúdo até aqui e trabalha com RH ou liderando outras pessoas: 

  • compartilhe informações relevantes sobre a Síndrome do Impostor, a fim de promover a conscientização sobre o assunto; 
  • incentive a criação de um ambiente de trabalho seguro, onde os funcionários se sintam à vontade para expressar suas preocupações e vulnerabilidades; 
  • estabeleça programas de mentoria e coaching, visando oferecer suporte e orientação profissional; 
  • apoie a construção de uma cultura de feedback e reconhecimento no ambiente de trabalho; 
  • ofereça programas de desenvolvimento e capacitação que abordem temas dos quais os profissionais que sofrem com a Síndrome do Impostor podem se beneficiar, como autoconfiança, gestão de estresse, resiliência e assertividade. 

Ao ser um aliado no combate à Síndrome do Impostor, o RH contribui para a saúde emocional e o bem-estar dos colaboradores, promovendo uma cultura de aceitação e crescimento na organização. 

 

Queremos ainda te convidar a dar mais um passo em direção à superação da Síndrome do Impostor. Confira o artigo Autossabotagem no trabalho: pare de se prejudicar e saiba como lidar com algumas atitudes negativas que atrapalham o seu desempenho no dia a dia!

 

SICREDI

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