O mercado agropecuário brasileiro pode ter um aceleramento exponencial de crescimento a partir da rastreabilidade na pecuária. “O Brasil tem condições de dar um salto quântico na implementação da rastreabilidade utilizando ferramental já existente, sem a necessidade de um enorme investimento”, afirmou o conselheiro da Marfrig, Roberto Waack, em entrevista ao Brazil Journal.
Segundo Waack, a rastreabilidade é essencial no cenário da indústria agropecuária brasileira, que é tão heterogênea e diversa. “Não há um sistema único de produção da proteína animal no país, há diversos deles”, comenta o executivo, que é membro dos conselhos consultivos de organizações como a WWF Brasil, a Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura.
Waack também se apresentou no evento Pecuária: Tendências e Oportunidades, realizado no dia 27 de abril, em São Paulo, falando justamente sobre a rastreabilidade no sistema.
Política pública de rastreabilidade na pecuária: o próximo passo
De acordo com Waack, a implementação de uma política de rastreabilidade na cadeia completa depende não só das companhias, como também do governo, com políticas públicas de incentivo às melhores práticas. “Não é algo que o setor privado consiga fazer sozinho. Uma empresa, sozinha, pode se comprometer e buscar fazer o melhor na busca pela sustentabilidade. Mas se não houver um esforço conjugado, a reputação do país e o setor continuarão comprometidas”, disse o executivo na entrevista.
A diversidade da produção de proteína animal pede políticas igualmente diversas, aponta o executivo. Isso porque, em paralelo com a questão da rastreabilidade, existem as boas práticas para criação da carne carbono neutro, tais como sistemas de controle de pastagem e combinação de floresta e pastos. Tais assuntos também devem entrar no radar das políticas públicas de incentivo à agropecuária, mas não dá para “tratar tudo como se fosse uma só coisa”, segundo Waack.
“Cada sistema de produção tem sua demanda de política pública diferenciada. A Marfrig tem buscado levar essa discussão para esse novo patamar”, comentou Waack.
Rastreabilidade e Marfrig
Voltando aos potenciais brasileiros, Wacck apontou algumas tecnologias que já existem e devem ser usadas no campo para chegar à produção sustentável. “Se utilizarmos a tecnologia blockchain para proteger os dados, as informações coletadas pela Guia de Trânsito Animal [GTA], combinadas com o Cadastro Ambiental Rural [CAR], poderiam melhorar exponencialmente a rastreabilidade do setor e ajudar a identificar as áreas de maior e menor risco em toda a cadeia produtiva”, afirmou o executivo.
Nesse sentido, o especialista também numerou as ações da Marfrig em favor de aumentar a rastreabilidade de toda a sua cadeia de produção de proteína animal. Alguns avanços que Waack apontou são: 100% das fazendas fornecedoras diretas são monitoradas via satélite; 8 mil fornecedores diretos participam do Programa Marfrig Club; US$ 30 milhões em investimento na gestão da cadeia de fornecedores localizados nos biomas da Amazônia e do Cerrado até 2025; 3,8 mil produtores diretos com acesso à plataforma de rastreabilidade baseada em blockchain.
“Se conseguirmos avançar, a reputação do Brasil darã um salto enorme”, finalizou Waack.
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